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Governo e oposição fazem acordo no Quênia
Violência gerada por crise política já matou 850; relato de estupros dobrou desde eleições contestadas
DA REDAÇÃO
O governo do presidente
Mwai Kibaki e o Movimento
Democrático Laranja (ODM),
principal partido de oposição
do Quênia, concordaram ontem em agir para pôr fim à violência que assola o país desde as
eleições de 27 de dezembro. O
anúncio foi feito por Kofi Annan, ex-secretário-geral da
ONU, que medeia o conflito.
O acordo tem quatro pontos
e as negociações a respeito das
ações para acabar com a crise
política serão completadas durante os próximos 15 dias, disse
Annan. Ele fez o anúncio após
se reunir com Kibaki e com
Raila Odinga, líder do ODM.
Os confrontos no Quênia começaram com a contestação
das eleições, que reelegeram
Kibaki apesar das denúncias
generalizadas de fraudes. Mais
de 850 pessoas morreram na
violência que se seguiu e o conflito assumiu caráter étnico,
envolvendo principalmente os
grupos luo (de Odinga, que ficou em segundo lugar no pleito) e kikuyu (de Kibaki).
"Acreditamos que em até 15
dias poderemos abordar os três
primeiros itens do acordo", disse Annan. "O primeiro é agir
imediatamente para acabar
com a violência." Os outros incluem prover assistência humanitária para os afetados pelos confrontos, resolver a crise
política imediata e organizar
uma solução de longo prazo.
Annan afirmou ter sugerido
ao presidente o destacamento
preventivo das Forças Armadas em alguns locais. "Todos
têm que admitir que a polícia
está no seu limite de atuação",
disse o mediador. Ainda assim,
em uma cúpula de líderes africanos na Etiópia, Kibaki afirmou ontem que "a segurança
está sob controle" no país.
Ele se recusa a realizar novas
eleições, como exige Odinga.
Não se sabe que solução final
será promovida pelo acordo.
Estupros
Enquanto a crise segue sem
solução, a ONU detectou o aumento dos estupros no país,
muitas vezes usados como forma de intimidação.
Ao menos 167 estupros foram reportados ao Hospital Feminino de Nairóbi no último
mês -e a vítima mais nova tinha apenas um ano-, afirmou
ontem Elisabeth Byrs, do escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
Segundo ela, os índices gerais
do crime mais do que dobraram
desde dezembro, e trabalhadores humanitários crêem que o
número de casos relatados é só
uma fração da realidade.
A ONU indicou que não está
claro quem são os autores dos
ataques. O aumento é reflexo,
em parte, do colapso da ordem
social no Quênia, afirmou Byrs.
Ainda ontem, ao menos nove
pessoas morreram no oeste do
país. Uma das vítimas era um
policial, que foi atacado por
uma multidão de 3.000 pessoas. Ao menos duas mortes
ocorram por meio de flechas
envenenadas, segundo testemunhas. As tribos kalenjin -da
qual fazia parte um parlamentar do ODM recentemente assassinado- e kisii protagonizaram os piores confrontos.
Com Associated Press e Reuters
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