São Paulo, terça-feira, 02 de fevereiro de 2010

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Analistas divergem sobre ênfase da política externa de Obama

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Mesmo com foco principal na agenda doméstica e na criação de empregos, o ano começou com uma atitude mais incisiva da Casa Branca no front externo. Nos últimos dias, o governo passou a enfrentar uma relação mais conturbada com a China após anunciar que venderá armas para Taiwan e também trocou o discurso de negociação com o Irã pela defesa de sanções mais rígidas ao país. Além disso, decidiu acelerar a instalação de um sistema de defesa no golfo Pérsico.
Segundo analistas, essa guinada para uma atitude mais focada em ação que no diálogo reflete, em parte, o próprio enfraquecimento do presidente Barack Obama no cenário doméstico e a falta de resultados mais rápidos da via da negociação adotada no primeiro ano.
"Ele tem mais apoio dos republicanos que dos próprios democratas para assuntos como a Guerra do Afeganistão. Além disso, no front externo, não depende tanto do Congresso para levar adiante as medidas que quiser implementar. Isso dá mais margem de ação", disse à Folha Thomas Patterson, autor do livro "The Vanishing Voter", sobre as causas da participação eleitoral nos EUA.
Para ele, Obama está mais cauteloso, com menos capital político para arriscar. "Ele obviamente não desistiu da diplomacia, mas o cenário mudou, e ele tem menos chance de arriscar", afirmou Patterson.
Já Joseph Nye, professor da Harvard Kennedy School, disse à Folha que não foi Obama que se moveu para a direita, e sim que os outros países o forçaram a uma atitude mais radical. "Obama ofereceu diálogo. O Irã voltou atrás nas negociações, e isso não é aceitável. O Irã está puxando o presidente para a direita."
Sobre as relações com a China, que reivindica o controle sobre Taiwan, território que considera uma Província rebelde, Nye avalia que há meses o regime de Pequim vem dando sinais de que não corresponde à abertura oferecida pelo governo americano.


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