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Analistas divergem sobre ênfase da política externa de Obama
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
Mesmo com foco principal
na agenda doméstica e na criação de empregos, o ano começou com uma atitude mais incisiva da Casa Branca no front
externo. Nos últimos dias, o governo passou a enfrentar uma
relação mais conturbada com a
China após anunciar que venderá armas para Taiwan e também trocou o discurso de negociação com o Irã pela defesa de sanções mais rígidas ao país.
Além disso, decidiu acelerar a
instalação de um sistema de defesa no golfo Pérsico.
Segundo analistas, essa guinada para uma atitude mais focada em ação que no diálogo reflete, em parte, o próprio enfraquecimento do presidente Barack Obama no cenário doméstico e a falta de resultados mais
rápidos da via da negociação
adotada no primeiro ano.
"Ele tem mais apoio dos republicanos que dos próprios
democratas para assuntos como a Guerra do Afeganistão.
Além disso, no front externo,
não depende tanto do Congresso para levar adiante as medidas que quiser implementar.
Isso dá mais margem de ação",
disse à Folha Thomas Patterson, autor do livro "The Vanishing Voter", sobre as causas da
participação eleitoral nos EUA.
Para ele, Obama está mais
cauteloso, com menos capital
político para arriscar. "Ele obviamente não desistiu da diplomacia, mas o cenário mudou, e
ele tem menos chance de arriscar", afirmou Patterson.
Já Joseph Nye, professor da
Harvard Kennedy School, disse
à Folha que não foi Obama que
se moveu para a direita, e sim
que os outros países o forçaram
a uma atitude mais radical.
"Obama ofereceu diálogo. O Irã
voltou atrás nas negociações, e
isso não é aceitável. O Irã está
puxando o presidente para a
direita."
Sobre as relações com a China, que reivindica o controle
sobre Taiwan, território que
considera uma Província rebelde, Nye avalia que há meses o
regime de Pequim vem dando
sinais de que não corresponde
à abertura oferecida pelo governo americano.
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