|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Efeitos do sismo não devem afetar rumo da economia chilena
THIAGO GUIMARÃES
DA REPORTAGEM LOCAL
Embora o Chile ainda calcule
os prejuízos causados pelo terremoto de sábado, os efeitos do
sismo no sistema produtivo local devem se concentrar no primeiro semestre do ano, sem interromper a trajetória de recuperação da economia, uma das
mais sólidas da América Latina.
Para especialistas consultados pela Folha, a injeção de recursos públicos e privados necessária para a reconstrução do
país ajudará a manter a atividade. A boa situação fiscal e uma
regra que permite ao governo
gastar até 2% a mais do que o
previsto no Orçamento em situações excepcionais também
pesam a favor do país.
"Os impactos negativos na
economia vão se refletir no primeiro trimestre. À medida que
empresas e governo começarem a injetar recursos para repor a infraestrutura haverá um
impacto positivo", disse o economista Alejandro Fernández.
A dimensão do esforço de reconstrução opõe o governo que
sai ao que chega. O presidente
eleito, Sebastián Piñera, que
assume no dia 11, estimou esse
custo em US$ 30 bilhões -ou
cerca de 15% do PIB chileno.
A estimativa de Piñera coincide com número da consultoria americana Eqecat, especializada em desastres naturais,
descartado ontem pelo atual
ministro da Fazenda, Andrés
Velasco. "É um número que
vem do exterior, de empresa
que tem um modelo puramente teórico, sem nenhuma informação de campo", afirmou.
Com uma economia dependente da exportação de matérias-primas como o cobre, o
Chile foi atingido em cheio pela
crise mundial -estima-se que
o PIB tenha caído 1,8% em
2009. Mas a adoção de políticas
de incentivo e a recuperação do
preço do cobre ajudaram a tirar
o país da recessão -as apostas
são de avanço de até 5,5% no
PIB em 2010.
Além da infraestrutura logística, como estradas, portos e
redes de telecomunicação, o
sismo afetou setores-chave da
economia -há, por exemplo,
relatos de vinícolas destruídas.
Mineradoras de cobre interromperam atividades por cortes de energia.
Mas mesmo que precise de
US$ 30 bilhões para se reerguer, o Chile pode pagar metade desse valor com recursos de
seus fundos soberanos, alimentados por uma regra de superavit estrutural que obriga o país
a economizar até 1% do PIB
quando a economia vai bem.
"Para arcar com o resto, o
país tem como se endividar",
afirma o economista Óscar
Landerretche. A dívida pública
chilena está em 9% do PIB -no
Brasil, esse índice é de 47%.
Texto Anterior: Caminho para o sul é retrato da devastação Próximo Texto: Catástrofe no Chile: Lula visita país e oferta hospital de campanha Índice
|