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Espanha cobra Venezuela devido a suposta relação com ETA e Farc
Segundo juiz espanhol, Caracas "coopera" com os grupos basco e colombiano
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O governo espanhol pediu
explicações ontem à Venezuela
sobre uma suposta "cooperação", revelada por uma investigação judicial, do governo Hugo Chávez com o grupo separatista basco ETA (Pátria Basca e
Liberdade) e com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia), a principal guerrilha desse país. A atuação conjunta incluiria um plano para
assassinar o presidente colombiano, Álvaro Uribe. Caracas
negou as acusações.
O anúncio foi feito ontem pelo primeiro-ministro José Luis
Rodríguez Zapatero, durante
visita à Alemanha. Segundo ele,
a Chancelaria espanhola fez
"gestões oportunas" com Caracas pedindo explicações.
"Estamos à espera das explicações por parte da Venezuela
e, em decorrência dessa explicação, o governo da Espanha
atuará", disse Zapatero, que
afirmou "respeitar" a investigação judicial sobre o caso.
O processo está sob a responsabilidade do juiz Eloy Velasco,
da Audiência Nacional, órgão
máximo do Judiciário espanhol
para casos de terrorismo. As
acusações envolvem seis supostos membros do ETA e sete
das Farc, que teriam pedido
ajuda ao grupo separatista basco para matar tanto Uribe
quanto o seu antecessor, Andrés Pastrana (1998-2002).
No processo, cujo conteúdo
também foi revelado ontem,
Velasco afirma que há evidências de "cooperação governamental na ilícita colaboração"
entre ETA e Farc.
De acordo com a investigação espanhola, dois representantes das Farc foram em 2000
e "mais recentemente" à Espanha negociar os atentados contra Pastrana e Uribe. Um dos
envolvidos seria o etarra Arturo Cubillas Fontán, 46, que vive
na Venezuela desde 1989, antes
do governo Chávez.
Cubillas, que tem um cargo
diretivo no Ministério da Agricultura venezuelano, é apontado pela investigação espanhola
como o ponto de contato entre
o ETA e as Farc. Em contrapartida à ajuda do ETA para matar
os presidentes, a guerrilha forneceria treinamento militar
aos separatistas na Colômbia.
Em Montevidéu para a posse
de José Mujica, Chávez disse
que as acusações são "tristes
restos de um passado colonial".
Em nota, a Chancelaria disse
que a presença de Cubillas se
deve a acordo feito entre os ex-presidentes Carlos Andrés Pérez (Venezuela) e Felipe González (Espanha) e que a investigação usou dados do computador do líder das Farc Raúl Reyes, morto em 2008 por Bogotá, considerados falsos por Caracas, mas ratificados pela Interpol (polícia internacional).
Já Uribe, também no Uruguai, pregou "reação prudente"
e disse que acionará canais diplomáticos para obter detalhes.
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