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Israel levanta o cerco a Arafat
DA REDAÇÃO
Após a Autoridade Nacional
Palestina entregar a agentes britânicos e americanos seis palestinos
procurados por Israel, forças israelenses encerraram o confinamento de mais de um mês do líder palestino Iasser Arafat em seu
quartel-general em Ramallah
(Cisjordânia). Arafat, a partir de
agora, poderá transitar pela Cisjordânia e pela faixa de Gaza e
mesmo viajar ao exterior.
As tropas israelenses que cercavam o QG de Arafat deixaram o
local ontem à noite. Cerca de 200
palestinos se reuniram diante do
edifício para comemorar a libertação do líder. A desocupação total da cidade estava prevista para
ocorrer na manhã de hoje.
Mas, em sua primeira declaração após a retirada de Israel, Arafat deu um soco em uma mesa e
chamou israelenses de "terroristas" ao saber dos confrontos em
Belém (leia texto ao lado). "Não
me importo se esta sala onde estou explodir. O que me preocupa
é o que está acontecendo na igreja
da Natividade. Esse é um crime
que não pode ser perdoado."
A liberação de Arafat encerra
um dos episódios mais marcantes
da Intifada (levante palestino
contra a ocupação israelense) iniciada em setembro de 2000. Ela
ocorreu após acordo mediado pelos EUA, que determinou a transferência dos seis palestinos, que
estavam com Arafat em seu QG,
para uma prisão em Jericó (Cisjordânia). Britânicos e norte-americanos escoltaram os seis homens e permanecerão na cidade
palestina para garantir que eles
não sejam libertados.
Horas depois, os tanques israelenses começaram a deixar os arredores do quartel-general, levantando o cerco iniciado em 29 de
março, junto com a ofensiva israelense na Cisjordânia para, segundo o país, desmontar a "infra-estrutura terrorista" na região.
Quatro dos homens entregues a
Israel são membros do grupo extremista FPLP (Frente Popular
pela Libertação da Palestina) e
responsáveis pela morte de um
ministro israelense em outubro.
Eles foram condenados na semana passada a penas de 1 a 18 anos
de prisão por uma corte palestina
improvisada no QG de Arafat.
Outro detido é um dos líderes da
FPLP, e os sexto, tesoureiro de
Arafat, é acusado de envolvimento em contrabando de armas.
Israel está se retirando gradualmente da maior parte das cidades
palestinas que reocupou. Agora
apenas a igreja da Natividade, em
Belém, permanece cercada.
O premiê de Israel, Ariel Sharon, irá aos EUA na próxima semana para reunião com o presidente George W. Bush. Fontes em
Washington afirmam que Bush
pressionará pela retomada de negociações de paz. O ministro da
Defesa de Israel, Binyamin Ben
Eliezer, defendeu ontem "negociações políticas imediatas" com
os palestinos. Segundo Sharon, o
diálogo só deve ocorrer após um
cessar-fogo com os palestinos.
Arafat não deixa Ramallah desde 3 de dezembro, quando sua
saída da cidade foi impedida por
forças israelenses após atentados
terroristas. "Arafat permanecerá
por enquanto no QG", disse ontem seu porta-voz Nabil Abu Rudeinah, "se concentrando na crise
nos territórios palestinos". Em seguida, ele deve ir para o exterior.
Israel afirma que Arafat não está
agindo para combater -ou até
mesmo apóia- o terrorismo.
Em Israel, houve oposição à retirada. O ex-premiê Benyamin
Netanyahu, do Likud, partido de
Sharon, disse que Arafat deveria
ser expulso dos territórios palestinos por ser conivente com o terrorismo. Ao menos 1.332 palestinos e 458 israelenses morreram
desde o início da Intifada.
Com agências internacionais
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