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ANÁLISE
Líder terá de reformar administração palestina
RAWHI ABEIDOH
DA REUTERS, EM JERUSALÉM
Algumas autoridades e intelectuais palestinos começam a questionar a atuação do presidente da
Autoridade Nacional Palestina,
Iasser Arafat, na crise atual.
Eles dizem que o líder palestino
precisará fazer uma revisão completa de sua administração após a
retirada dos israelenses. "Há um
grande ressentimento em relação
a Israel, porém há alguma desconfiança em relação à ANP",
afirma Ali al Jirbawi, professor de
ciência política da Universidade
Bir Zeit, uma das mais conceituadas nos territórios palestinos.
Jirbawi acrescenta que "os palestinos estão em um estado de
choque e de incredulidade. Eles
estão se perguntando porque chegaram a esse ponto, de destruição
e anarquia sem nenhuma luz no
fim do túnel".
Poucos palestinos questionam o
status de Arafat como líder, mas
muitos o criticam por sua liderança autocrática, sua inabilidade para articular a causa palestina e sua
tolerância com a corrupção.
Manuel Hassassian, professor
de ciência política da Universidade de Belém, disse que a situação,
uma vez encerrada a ofensiva, se
mostrará catastrófica.
Algumas autoridades palestinas
concordam que é preciso realizar
reformas, mas insistem que nada
pode ser feito sob pressão externa.
"A ANP não pode continuar
sendo como era antes. Devem ser
realizadas mudanças fundamentais em todos os níveis", disse Mohamed Dahlan, chefe da segurança palestina. "Arafat sabe disso, e
podemos ter esperança que sairemos dessa crise".
Palestinos afirmam que o Exército de Israel demoliu instalações
de segurança e saquearam ministérios em um esforço deliberado
para destruir suas incipientes instituições e criar anarquia. "O objetivo de Sharon é mudar o cenário que resultou dos acordos de
Oslo, que vai contra a sua idéia de
manter a nossa terra", disse o analista palestino Ghassan al Khatib.
Muitos analistas palestinos
acreditam que a maior derrota
deles foi o fim dos sete anos de
lua-de-mel com os EUA, após o
ex-presidente Bill Clinton deixar a
Casa Branca no início do ano passado.
O atual presidente dos EUA,
George W. Bush, tem se mostrado
desapontado com a performance
de Arafat para combater a violência contra Israel.
Uma autoridade palestina, que
preferiu não se identificar, disse
que Arafat sempre preferiu permanecer numa zona cinzenta em
relações aos atentados contra Israel. "Suas ordens para um cessar-fogo nunca foram muito claras para os militantes", disse ele,
apesar das pressões internacionais para uma posição firme contra o terrorismo.
Vários ataques contra israelenses na Intifada foram realizados
pelo grupo extremista Brigadas
dos Mártires de Al Aqsa, ligado ao
Fatah (facção política de Arafat).
Uma coisa que todos palestinos
concordam é que não há dúvida
de que o isolamento de Arafat imposto por Sharon apenas fortaleceu o líder palestino perante o
mundo árabe e os próprios palestinos.
"O objetivo israelense de isolar
Arafat e torná-lo irrelevante falhou totalmente", disse Khatib,
ressaltando que até mesmo o secretário de Estado dos EUA, Colin
Powell, se reuniu duas vezes com
o líder palestino.
Para o analista, Sharon não convenceu outros países de que Arafat poderia ser substituído por outras lideranças. Para Abdel Bary
Atwan, editor do diário árabe publicado em Londres "Al Quds Al
Arabi", "a principal fonte de poder de Arafat é não haver nenhuma alternativa a ele. Livrar-se dele significa a anarquia".
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