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Extremista "sequestra" Joana D'Arc
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Joana D"Arc (1412-1431) é, na
França, nome de praça e de rua e
está na simbologia da inviolabilidade territorial. Mas ela também
se tornou, muito involuntariamente, um dos símbolos fortes da
extrema direita, evocado por
Jean-Marie Le Pen no 1º de Maio.
Camponesa e católica fervorosa,
defendeu Orleans das tropas inglesas e viabilizou a coroação de
Carlos 7º como rei da França.
Capturada, entregue aos ingleses e julgada como feiticeira, foi
queimada viva em Rouen, em
maio de 1431. O processo foi anulado 24 anos depois, mas só em
1920 é que ela se tornou uma das
santas da Igreja Católica.
A canonização após quase cinco
séculos não foi mero acaso. Por
meio dela, a Santa Sé se cacifou
para fortalecer as ordens religiosas que estavam em atrito aberto
com as autoridades republicanas.
Mas o conflito era em verdade
bem anterior. A partir de 1871,
com a 3ª República já instituída, a hierarquia eclesiástica e os pensadores católicos se engajaram pela volta à monarquia, então vista como o único regime político apto a garantir a preservação e a sobrevivência dos valores cristãos. Eles precisavam de um símbolo. Joana D"Arc estava disponível.
A extrema direita nunca demonstrou pudores pelo sequestro
da boa reputação da santa guerreira. Em 1965, por exemplo, o
neofascista Tixier-Vignancour a evocou ao disputar a chefia de Estado -a eleição foi ganha pelo general Charles De Gaulle- e obter 4,25% dos votos.
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