São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002

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Extremista "sequestra" Joana D'Arc

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Joana D"Arc (1412-1431) é, na França, nome de praça e de rua e está na simbologia da inviolabilidade territorial. Mas ela também se tornou, muito involuntariamente, um dos símbolos fortes da extrema direita, evocado por Jean-Marie Le Pen no 1º de Maio.
Camponesa e católica fervorosa, defendeu Orleans das tropas inglesas e viabilizou a coroação de Carlos 7º como rei da França.
Capturada, entregue aos ingleses e julgada como feiticeira, foi queimada viva em Rouen, em maio de 1431. O processo foi anulado 24 anos depois, mas só em 1920 é que ela se tornou uma das santas da Igreja Católica.
A canonização após quase cinco séculos não foi mero acaso. Por meio dela, a Santa Sé se cacifou para fortalecer as ordens religiosas que estavam em atrito aberto com as autoridades republicanas.
Mas o conflito era em verdade bem anterior. A partir de 1871, com a 3ª República já instituída, a hierarquia eclesiástica e os pensadores católicos se engajaram pela volta à monarquia, então vista como o único regime político apto a garantir a preservação e a sobrevivência dos valores cristãos. Eles precisavam de um símbolo. Joana D"Arc estava disponível.
A extrema direita nunca demonstrou pudores pelo sequestro da boa reputação da santa guerreira. Em 1965, por exemplo, o neofascista Tixier-Vignancour a evocou ao disputar a chefia de Estado -a eleição foi ganha pelo general Charles De Gaulle- e obter 4,25% dos votos.



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