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São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2003

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Genoma deve facilitar diagnóstico

CLAUDIO ANGELO
EDITOR-ASSISTENTE DE CIÊNCIA

Dois grupos de cientistas publicaram ontem a sequência do material genético do vírus responsável pela pneumonia asiática. Além de fornecer a confirmação final de que um novo tipo de coronavírus é mesmo o causador da doença, o genoma deve ajudar os médicos a produzir testes diagnósticos rápidos e a identificar drogas eficazes contra o micróbio.
O genoma do coronavírus Urbani Sars-associado, como o vírus é oficialmente conhecido, foi sequenciado independentemente por um grupo do Canadá e um dos EUA e da Alemanha. Os resultados saíram ontem na edição on-line da revista "Science" (www.sciencemag.org/feature/data/sars).
"O trabalho foi feito em tempo recorde. Em dez dias nós tínhamos o genoma inteiro", disse à Folha a virologista brasileira Teresa Peret, dos CDC (Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA), que participou do sequenciamento. Segundo ela, esse tipo de trabalho levaria meses em condições normais.
O grupo canadense sequenciou o RNA (ácido ribonucléico, no qual estão contidos os genes do parasita) do vírus isolado de um paciente de Toronto, enquanto a equipe teuto-americana usou amostras isoladas do sangue do médico italiano Carlo Urbani, da OMS, que morreu após ter contraído a doença no Vietnã.
"As duas sequências são essencialmente idênticas", disse ontem numa teleconferência o médico canadense Mel Krajden, da agência de pesquisa genômica da Colúmbia Britânica. Questionado sobre se estava convencido de que o coronavírus Urbani é mesmo o causador da Sars (síndrome respiratória aguda grave, na sigla em inglês), Krajden respondeu: "Tudo aponta nessa direção".

Respostas e perguntas
Embora a sequência dos canadenses já estivesse disponível na internet há mais de duas semanas, a publicação oficial da análise do genoma traz novos dados de interesse médico sobre o vírus -e várias perguntas sem resposta.
"Identificamos proteínas que podem estar envolvidas na infecção. De posse do genoma, as pessoas podem clonar essas proteínas e testar antivirais nelas", disse Caroline R. Astell, também do grupo canadense.
Por outro lado, os cientistas continuam no escuro sobre a origem do vírus -informação fundamental para bloquear a epidemia- e sobre a rapidez com que ele sofre mutações -quanto mais o vírus muda seus genes, mais difícil é produzir uma vacina. "Só vamos poder dizer isso depois de comparar os nossos dados com os da China, onde está a maioria das amostras isoladas", disse Peret.


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