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Lula pede à África que condene golpe
DO ENVIADO ESPECIAL A SIRTE
(LÍBIA)
O presidente Lula fez
ontem na cidade líbia de
Sirte um apelo aos membros da União Africana para que incluam na declaração final de sua reunião de
cúpula um "repúdio" ao
golpe de Estado que derrubou o presidente de
Honduras, Manuel Zelaya.
O apelo foi feito a poucos metros do anfitrião do
encontro, o líbio Muammar Gadaffi, que chegou
ao poder por meio de um
golpe militar há quase 40
anos, e de vários outros ditadores do continente
africano.
Lula usou seu discurso,
na abertura da cúpula, para pedir aos países africanos que apoiem a exigência da OEA (Organização
dos Estados Americanos)
de que Zelaya seja reconduzido à Presidência. Ao
tratar do tema, foi aplaudido pelos africanos.
Pouco após o discurso
de Lula, o chanceler Celso
Amorim comentou a decisão da OEA de dar um prazo de 72 horas para que o
novo governo hondurenho permita a volta de Zelaya ao poder, sob o risco
de o país ser suspenso da
organização.
"Essa é uma resposta
adequada no momento",
disse o ministro, que na
véspera defendera "medidas enérgicas" para devolver o poder a Zelaya. "Depois vou conversar melhor
com o presidente [Lula] e
ler a resolução, mas esse é
um primeiro passo importante", afirmou.
Lula mostrou otimismo
de que os líderes africanos
atenderão a seu pedido.
Segundo ele, há uma "unanimidade" mundial contra
a deposição de Zelaya.
O apelo à UA foi mais
uma das iniciativas brasileiras para condenar o golpe em Honduras. Antes, o
país já decidira não reenviar a Tegucigalpa o embaixador, que estava
fora do posto, em férias.
O Brasil suspendeu ainda programas de cooperação com Honduras, principalmente nas áreas de
energia e de saúde. O
BNDES suspendeu a análise dos três projetos em
tramitação em Honduras,
incluindo os de duas hidrelétricas.
(MARCELO NINIO)
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