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Zelaya precisará fazer acordo com a oposição, diz especialista
DE NOVA YORK
A volta de Manuel Zelaya a
Honduras só será viável após
um acordo político com a oposição, disse à Folha Kevin Casas-Zamora, ex-vice-presidente da Costa Rica e especialista
em América Central do Instituto Brookings.
FOLHA - Diante do apoio internacional, Zelaya tem condições de voltar a Honduras?
KEVIN CASAS-ZAMORA - Todo
mundo concorda que ele deve
voltar ao poder, mas o problema é que o retorno de Zelaya
não resolve nada. A menos que
haja algum tipo de diálogo político entre ele e seus oponentes,
nada mudará. Estamos falando
de um cidadão com antagonistas em todas as instituições e
setores políticos do país. Sem
um acordo, ele não terá como
governar. A questão final é como fazer de Honduras um país
governável.
FOLHA - O que deve ocorrer agora?
CASAS-ZAMORA - Em algum momento, as autoridades hondurenhas vão desistir. Temos ouvido rumores de pessoas no
Congresso de Honduras de que
eles estão considerando a hipótese de negociar um acordo político com Zelaya. Ele poderia
voltar ao poder, terminar seu
mandato e abrir mão de qualquer projeto de reeleição, o que
já deixou claro nas declarações
feitas na ONU. Honduras é um
país muito pequeno, muito pobre e muito vulnerável para enfrentar a pressão internacional.
FOLHA - O que explica essa unanimidade dos países contra o golpe?
CASAS-ZAMORA - Não tivemos
golpes por um bom tempo na
América Latina, e ninguém
quer abrir um precedente. A
América Latina se posicionou
de maneira muito forte, em seguida vieram os EUA, a União
Europeia e a ONU. Houve um
efeito bola de neve, o que é surpreendente para um país tão
pequeno.
FOLHA - Como avalia o fato de EUA
e Venezuela estarem agora do mesmo lado?
CASAS-ZAMORA - É uma situação
peculiar, mas representa uma
oportunidade muito boa para a
imagem dos EUA na região.
Eles têm a chance de mostrar
que apoiam inequivocamente a
democracia, mesmo que não
gostem do presidente deposto.
Com isso, eles tiram a arma de
Chávez, a retórica. Parte da atitude americana é uma forma de
prevenção contra o possível
êxito político que Chávez poderia tirar da situação. Zelaya voltará ao poder agora ou mais tarde, mas não será uma vitória de
Chávez ou dos EUA.
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