JEAN-JACQUES BOZONNET
DO "LE MONDE", EM MARBELLA, ESPANHA

Desde os atentados de 11 de setembro, com 15 dos 19 autores de nacionalidade saudita, a Arábia Saudita tornou-se alvo de críticas e especulações.
Mas nem todos criticam as despesas extravagantes do rei Fahd ben Abdel Aziz e sua comitiva, de férias em Marbella, na Espanha.
Os comerciantes da cidade respiram aliviados: "Midas" voltou. Boa parte das bancas de jornais foi reservada a títulos como "Al Hayat", "Al Quds Al Arabi" e "Al Watan International". Há a presença de mulheres recobertas dos pés à cabeça que percorrem as butiques de luxo em grupinhos ou bebericam coquetéis sem álcool nos terraços. Última prova, indiscutível: o iate Al Diriyah, do rei Fahd, perfila-se há alguns dias ao lado de outras quatro embarcações da família real.
Fahd chegou em 14 de agosto, com uma comitiva de 400 pessoas. O rei não é mais um turista rico. Ele é capaz, sozinho, de salvar toda uma temporada estagnada devido às consequências negativas dos atentados de 11 de setembro. Em sua última visita, entre julho e setembro de 1999, deixou na economia local o equivalente a 72,1 milhões de euros, segundo a Câmara de Comércio.
Ele deu uma gorjeta de 1.500 euros e alugou por um dia inteiro todos os jet-skis. Chegou com sua corte em três Boeings 747; os passageiros saíram num comboio de 50 limusines e outros tantos ônibus, sem falar nos caminhões com 2.000 malas.
Enfraquecido pela doença, o soberano com certeza não sairá de sua propriedade, onde receberia o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell. Fahd gastou recentemente 13 milhões de euros para modernizar seu centro de telecomunicações e o hospital que ocupa uma de suas alas.
Usada apenas quatro vezes desde 1976 por seu proprietário, a casa não tem espaço suficiente para alojar todos os convidados do rei (3.000 pessoas ao todo). Assim, a corte saudita reservou "por prazo indeterminado" cerca de 300 suítes e apartamentos nos melhores hotéis da Costa do Sol, desde Marbella até Estepona. Uma agência de telecomunicações recebeu uma encomenda de 500 celulares. Todos os dias uma floricultura entrega 1.500 euros em flores. A frota de automóveis é de 600 veículos, em sua maioria Mercedes. As despesas diárias foram estimadas em 5 milhões de euros.