São Paulo, domingo, 02 de setembro de 2007

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Benazir diz não haver mais acordo com ditador

Segundo ex-premiê, que promete voltar em breve ao país, falta consenso para dividir poder no Paquistão

DA REDAÇÃO

A ex-premiê paquistanesa Benazir Bhutto afirmou ontem que não chegou a nenhum acordo com o ditador Pervez Musharraf sobre uma eventual partilha de poder no país. "Não se chegou a nenhum entendimento", afirmou ontem em Londres, onde vive exilada.
Ela também disse que voltará ao país "muito brevemente".
Em troca de apoio às pretensões de Musharraf, que pretende concorrer a mais um mandato de cinco anos, Benazir queria o arquivamento das acusações de corrupção contra ela e seu governo e a retirada do dispositivo constitucional que proíbe a eleição de ex-premiês.
Musharraf também teria que deixar o comando das Forças Armadas, como previsto na legislação do país, e abrir mão do dispositivo que o autoriza a dissolver governo e Parlamento.
Após uma série de idas e vindas, Chaudhry Shujaat Hussain, um dos aliados mais próximos de Musharraf, afirmou sexta que o general de fato pode deixar a farda antes das eleições parlamentares no país, previstas para a primeira semana de janeiro.
Na quarta, Benazir dissera que o general concordara em deixar o posto militar antes de concorrer à reeleição com parte de uma negociação pela partilha do poder. Na quinta, fontes oficiais negaram tal acerto.
A declaração de Hussain sinaliza que a intenção de o general deixar o poder militar não está relacionada a negociações com Benazir. Segundo ele, a razão seria o temor de que a Suprema Corte considerasse seu cargo inconstitucional.
Musharraf, que governou em relativa tranqüilidade por anos após o golpe de 1999, sofreu importantes derrotas políticas em 2007. Um acordo com o laico PPP, de Benazir, é visto como uma possibilidade de sobrevida política ao general e é abertamente apoiado pelos EUA. A aliança sofre, porém, rejeição intensa da principal legenda aliada do ditador, o PLM-Q (Partido da Liga Muçulmana Quaid-e-Azam), que tem maioria no Parlamento.
O general, cujo mandato expira em novembro, encontra-se em meio a acirrada disputa política com os dois ex-primeiros-ministros exilados: Nawaz Sharif, que controla um partido oriundo da Liga Muçulmana (PLM-N), e Benazir, do PPP. Ele afirmou que convocará eleições entre 15 de setembro e 15 de outubro, no prazo legal.


Com agências internacionais


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