São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2008

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Impopular, Fukuda deixa cargo de premiê do Japão

Ele era aprovado só por 29%, mesmo após pacote pró-crescimento econômico

Partido Liberal Democrático pode escolher ex-chanceler Taro Aso para chefiar o novo governo e evitar antecipar eleição prevista para 2009

DA REDAÇÃO

Yasuo Fukuda, 72, renunciou ontem ao cargo de primeiro-ministro do Japão, em meio a indicadores econômicos ruins e ao imobilismo do governo, diante de um Parlamento em que a oposição, majoritária no Senado, conseguiu obstruir sistematicamente todos os grandes projetos oficiais.
O PLD (Partido Liberal Democrático), conservador, deverá definir em duas semanas um novo líder para a chefia do governo. Alguns analistas acreditam que, por enquanto, o nome mais forte para a sucessão seja o do ex-ministro das Relações Exteriores Taro Aso, 67, que Fukuda nomeou há um mês como líder de seu partido.
Há, no entanto, outras alternativas. Takao Toshiwawa, analista citado pelo "Financial Times", embora acredite no favoritismo de Aso, não descarta a possibilidade de a liderança ser disputada por Yuriko Koike, a mais proeminente política do partido oficial e que foi recentemente ministra do Meio Ambiente e da Defesa.
Há ainda a possibilidade de um dos jovens deputados se tornar premiê, ou mesmo de Junichiro Koizumi aceitar interromper a aposentadoria política para, como o mais popular premiê de sua geração, cair na tentação de tentar recriar o período 2001-2006, quando exerceu o poder com bons índices de popularidade.
O premiê demissionário afirmou estar deixando o poder "para evitar o vazio político", criado pelos impasses entre situacionismo e oposição em questões delicadas, como o abastecimento de forças navais aliadas no Afeganistão ou a escolha de um novo presidente para o Banco Central.
A Constituição japonesa permite que a oposição, se majoritária num dos plenários do Parlamento, pratique a obstrução dos projetos do governo. A sessão parlamentar tem sua abertura prevista para o dia 12.
"É incrível que o PLD esteja se desfazendo do premiê sem pensar nos interesses da população japonesa", disse Mizuho Fukushima, líder do oposicionista PSD (Partido Social Democrático). Interessa a ele antecipar as eleições legislativas previstas para setembro de 2009, na tentativa de fazer a maioria também na Câmara.

Recessão japonesa
O partido da oposição teria ainda o interesse em atrair o Novo Komeito, pequena formação hoje aliada ao PLD. Os conservadores de Fukuda governam o Japão desde 1955, exceto dez meses nos anos 90.
Fukuda, que é filho de um ex-premiê japonês, enfrentava um baixíssimo índice de aprovação, de 29%, que não melhorou nos últimos dias, apesar do pacote econômico que anunciou na semana passada para tentar evitar a aceleração da recessão na segunda economia do planeta, depois dos Estados Unidos.
O pacote de US$ 105 bilhões previa cortes no Imposto de Renda, subsídios aos combustíveis e empréstimos do governo a empresas. A inflação, inédita nos últimos dez anos, está acima dos 2% anuais, o PIB (total da produção) registra ligeiro recuo, o mesmo ocorrendo com o poder de compra dos salários.
O pacote econômico tenderia a compensar decisões impopulares do governo, como a reforma na cobertura das despesas médicas que, em alguns casos, resultou no aumento dos gastos dos mais idosos.
Fukuda, um dirigente desprovido de carisma, também não conseguiu compensar as perdas sociais provocadas pelas reformas ultraliberais de Koizumi, que deixou o cargo há dois anos. Seu substituto, Shinzo Abe, durou menos de um ano, renunciando em setembro do ano passado por motivos de saúde e em razão de escândalos de corrupção.


Com agências internacionais


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