São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2004

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ELEIÇÕES NOS EUA

No dia seguinte ao encontro, candidatos seguem atacando um ao outro; Powell diz que vai achar Bin Laden

Pesquisas dão vitória a Kerry em debate

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A CORAL GABLES

"John Kerry detonou nesta noite ou não?", provocou a audiência Teresa Kerry, no comício que o senador liderou logo após o debate de anteontem, em Coral Gables, na Flórida. De acordo com a reação da platéia de centenas de pessoas reunidas na madrugada de ontem no Miami Arena, a euforia do comando da campanha democrata e pelo menos três pesquisas independentes cujos resultados foram divulgados na madrugada de ontem, sim, o marido de Teresa foi o melhor.
Segundo levantamento realizado pelo Gallup com 615 eleitores registrados escolhidos aleatoriamente, Kerry foi o vencedor para 53% dos ouvidos, ante 37% que acharam que o presidente George W. Bush saiu vitorioso no encontro de quinta-feira à noite. Mais da metade disse que o democrata cresceu em suas expectativas devido ao desempenho no debate e 60% acreditam que o democrata se expressou mais claramente do que seu oponente republicano.
Outros levantamentos chegaram a resultados parecidos. Para os ouvidos pela emissora de TV ABC, 45% avaliaram que Kerry foi o melhor, enquanto 36% acreditam que Bush tenha sido mais convincente. Já para a CBS, 51% escolheram Kerry como o vencedor da noite, número que caiu para 38% para Bush.
Dois senões: os três levantamentos não têm necessariamente representatividade estatística, por ouvirem eleitores aleatoriamente; e logo após o primeiro debate entre Bush e o então vice-presidente Al Gore em 2000, as pesquisas davam este como vencedor.
Inclusive entre republicanos o desempenho de Kerry foi elogiado. "Acho que ele fez um bom trabalho no tocante a estilo", disse o senador John McCain (Arizona), que apóia a candidatura de Bush, mas é considerado uma das vozes independentes do partido. "Mas acho que o presidente fez bem em se manter em sua convicção de que fez as coisas direito."
Os analistas dos jornais norte-americanos seguiram a mesma linha. Mesmo a Fox News, porta-voz não oficial da Casa Branca de Bush, economizou nos ataques ao senador logo após o debate.
Opinião diferente tem Roger B. Porter, professor da escola de governo John F. Kennedy School, da Universidade Harvard. "Não houve um vencedor óbvio no debate de anteontem, mas, comparados com os últimos eventos deste tipo, este foi de longe o melhor, porque os candidatos apresentaram suas idéias de maneira clara e confiante", disse à Folha.
Enquanto Kerry comemorava com a mulher, Bush levou a primeira-dama e as duas filhas para o Coconut Grove Convention Center, onde centenas de republicanos os esperavam. "Nós vamos controlar a Flórida", gritou ao chegar, usando um verbo em inglês, "carry", que dá duplo sentido com o nome de seu oponente.
Ontem, Bush partiu para Pensilvânia e New Hampshire, onde continua a série de comícios de campanha. Kerry continuou na Flórida, para visitar vítimas dos quatro furacões que atingiram o Estado nas últimas semanas.
Em Alletown, Bush ridicularizou a proposta de Kerry de fazer uma conferência para obter apoio internacional na questão Iraque. "Nunca vi uma reunião que conseguisse depor um tirano ou trazer um terrorista à Justiça."
O secretário de Estado, Colin Powell, rebateu a crítica do senador de que Bush tinha perdido a oportunidade de capturar o terrorista Osama bin Laden. "Garanto que estamos procurando por ele."
Já Kerry disse que as afirmações de que pretende sair do Iraque, feitas por Bush, são incorretas. "Sr. presidente, ninguém está falando em sair, esmorecer ou hesitar. Estamos falando em ganhar e fazer o trabalho direito", disse, em ato em Tampa.
Ontem, o grupo R.E.M. e o cantor Bruce Springsteen começaram uma série de shows para arrecadar fundos para derrotar Bush em 2 de novembro.


Com agências internacionais

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