São Paulo, terça-feira, 02 de novembro de 2004

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Plebiscitos estaduais também têm disputa amarga

ADAM TANNER
DA REUTERS

Em batalhas paralelas à da campanha presidencial norte-americana, que também ocorrem hoje, ativistas estão investindo milhões de dólares em propagandas sobre questões propostas em plebiscito, como o casamento homossexual e a pesquisa com células-tronco.
Em alguns Estados, essas disputas são tão agressivas e emocionais quanto a batalha entre o presidente George W. Bush e seu adversário democrata, John Kerry.
Por exemplo, na Califórnia o governador Arnold Schwarzenegger advertiu que "os índios estão nos explorando" ao afirmar sua oposição ao aumento do número de cassinos indígenas.
O ator tetraplégico Christopher Reeve, morto neste mês, é o porta-voz, em comercial de TV, para uma iniciativa estadual que daria US$ 6 bilhões para a pesquisa com células-tronco, também em votação na Califórnia.
"Por favor, apóiem a proposta 71. E levantem-se por aqueles que não podem fazê-lo", pede Reeve, de maneira comovente.
Em outro comercial bastante duro em favor de uma proposta para ampliar a verba da polícia de Los Angeles, uma mulher em situação de perigo disca freneticamente o 911 (número de emergência policial) e pede ajuda contra um intruso que se aproxima de seu quarto. Depois grita: "Não! Não!". E a imagem é substituída pelo som de um coração batendo.
"A propaganda tende a não se personalizar tanto, porque não se está falando mal de indivíduos", disse John Matsusaka, diretor do Initiative & Referendum Institute. "Os argumentos são enganosos, e sabemos que as pessoas escolhem os fatos em que desejam acreditar, mas o clima não se torna tão agressivo quanto nas eleições que envolvem candidatos".

Imigrantes e homossexuais
Uma das propostas levadas a plebiscito pode ter impacto direto sobre a disputa presidencial.
Os eleitores do Colorado decidirão se querem dividir os nove votos do Estado no Colégio Eleitoral proporcionalmente, de acordo com os resultados do voto popular, começando com o pleito de hoje. Abandonar o sistema que concede todos os votos do Estado no Colégio Eleitoral ao vencedor estadual do pleito pode beneficiar o derrotado. Um juiz federal autorizou, nesta semana, o prosseguimento da votação.
Se o Estado tivesse dividido seus votos proporcionalmente em 2000, o democrata Al Gore teria sido eleito presidente.
Outros Estados estão votando sobre questões contenciosas em termos nacionais, como o casamento homossexual, que conquistou manchetes depois que mais de 4.000 casais homossexuais se casaram oficialmente em San Francisco alguns meses atrás.
Os eleitores em uma dúzia de Estados, entre os quais Michigan, Ohio, Kentucky, Geórgia e Arkansas, devem votar em favor da proibição a casamentos homossexuais, seguindo o exemplo de leis aprovadas no Missouri e em Louisiana nas últimas semanas.
Diversos Estados, entre os quais Flórida e Califórnia, estão considerando reformas na legislação que rege processos judiciais, para conter a expansão no número de ações movidas a cada ano.
A Lei de Proteção ao Contribuinte e ao Cidadão do Arizona retoma um tema que dividiu a Califórnia uma década atrás, a negação de benefícios dos serviços públicos aos imigrantes ilegais. Uma proposta nesse sentido foi aprovada em plebiscito na Califórnia, mas sua adoção foi bloqueada por decisões do Judiciário.
Nos Estados Unidos, os eleitores decidirão se imporão novos impostos e autorizarão novos gastos. Por exemplo, o Arizona pode impor um imposto com prazo de 20 anos para arrecadar fundos para projetos de transporte coletivo na área de Phoenix. Os residentes de Montana decidirão se querem gastar US$ 10 milhões para combater ervas daninhas.
O Alasca e o Maine votarão sobre propostas para proibir que caçadores atraiam ursos para fora dos bosques usando biscoitos, mel, gordura animal ou outros tipos de alimentos.


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