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análise
Armas vêm de EUA, Rússia e do Brasil
IGOR GIELOW
EM MOSCOU
Se não for apenas mais
uma bravata de Hugo Chávez, a Venezuela pode estar a caminho de cumprir
uma profecia auto-realizável de confronto indireto
com os EUA. Agora, a
questão é entre um Estado-cliente dos EUA, a Colômbia, que recebe dinheiro, armas, logística e, de
quebra, tem militares
americanos em seu território, e um dos mais voluntaristas regimes anti-Washington do mercado.
Há outra conotação
simbólica importante. A
Venezuela gastou mais de
US$ 4 bilhões no bazar de
armamentos russos, como
os caças Sukhoi-30MKV.
Se a tensão virar conflagração, o embate se encaixaria à perfeição num cenário da Guerra Fria.
Mas a realidade não é
tão simples. Chávez ainda
não tem suas defesas consolidadas com sistemas
antiáereos, por exemplo.
Os Sukhoi ainda não formam uma força totalmente capaz -apenas uma
meia dúzia dos 24 previstos estão operacionais. De
todo modo, poucos em tese são suficientes para impor superioridade aérea.
Sobre os tanques enviados por Chávez à fronteira,
a Venezuela possui uma
vantagem numérica sobre
a Colômbia, possuindo 81
velhos franceses AMX. A
Colômbia não possui tanques, mas blindados mais
leves, como 126 unidades
do Cascavel brasileiro.
Mas guerra na selva não se
trava com esses equipamentos, o que faz sua presença simbólica.
O Brasil, que deveria estar na linha de frente diplomática da situação, já
apareceu também de forma indireta. Foram Supertucanos, o turboélice de
ataque da Embraer, que
executaram o bombardeio
que matou o número 2 das
Farc, com bombas de fragmentação americanas.
A Colômbia comprou 25
aviões. A ironia é que os
venezuelanos tentaram
adquirir o modelo, ideal
para uso em selva pela baixa velocidade e capacidade
de ataque de precisão, mas
a venda fez água: Washington tem um veto de
exportação militar a Caracas, e o Supertucano usa
componentes americanos.
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