São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula contata Chile e Argentina sobre crise

Brasil articula grupo para atuar como mediador entre Colômbia, Venezuela e Equador; Planalto não crê em guerra

Chávez e Rafael Correa também seriam contatados; presidente coleta mais informações sobre ataque que matou nº 2 das Farc

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo brasileiro deu início ontem a contatos com autoridades da Argentina e do Chile para organizar articulação conjunta a fim de mediar uma solução diplomática para o conflito que opõe a Colômbia aos vizinhos Equador e Venezuela, segundo apurou a Folha.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonaria ainda ontem para o colega do Equador, Rafael Correa. Já estava prevista uma conversa telefônica hoje entre Lula e a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, para discutir energia. Mas o brasileiro pretende abordar a crise entre os três países.
Segundo integrantes da cúpula do governo, Lula também deverá tratar do assunto com a presidente do Chile, Michelle Bachelet, e com o colega da Venezuela, Hugo Chávez.
Nas palavras de um integrante da cúpula do governo, "uma ação conjunta" entre Brasil, Argentina e Chile deverá ajudar a evitar eventual conflito bélico entre a Colômbia e a dupla Venezuela-Equador. Chávez deslocou tropas para a fronteira e fez discurso inflamado contra o colega da Colômbia, Álvaro Uribe. Em solo equatoriano, militares da Colômbia mataram Raúl Reyes, número 2 das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Apesar da tensão ao longo do dia de ontem, o Palácio do Planalto não acredita em desenlace militar, mas sim numa saída diplomática. Na avaliação do governo brasileiro, todos os três países envolvidos diretamente na crise têm mais a perder do que a ganhar com a escalada do conflito.
Daí a importância de uma atuação coordenada entre Brasil, Argentina e Chile, democracias comandadas, respectivamente, por políticos moderados. O Brasil avalia ser preciso pressão internacional para serenar os ânimos.

Esclarecimentos
Para que pudesse atuar mais fortemente a partir de hoje, Lula pediu a auxiliares esclarecimentos a respeito do episódio. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o assessor internacional do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia, tiveram contatos ontem com diplomatas e dirigentes dos países vizinhos.
Exemplo de dúvida esclarecida: foi dito a Lula que a Colômbia estaria prestes a mudar a justificativa para o seu ataque em solo equatoriano, de direito de defesa para direito de perseguição. Na primeira versão, a Colômbia disse que não entrou em solo equatoriano e que recorreu a direito de defesa, bombardeando o país vizinho. Se passar a declarar direito de perseguição, dará status de maior gravidade à crise, pois pressupõe invasão de outro país.
Os EUA, que dão assessoria militar à Colômbia no combate às Farc, são o país que mais recorre a ele.


Texto Anterior: Análise: Armas vêm de EUA, Rússia e do Brasil
Próximo Texto: Relação Quito-Bogotá piorou no último ano
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.