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Lula contata Chile e Argentina sobre crise
Brasil articula grupo para atuar como mediador entre Colômbia, Venezuela e Equador; Planalto não crê em guerra
Chávez e Rafael Correa também seriam contatados; presidente coleta mais informações sobre ataque que matou nº 2 das Farc
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro deu início ontem a contatos com autoridades da Argentina e do Chile
para organizar articulação conjunta a fim de mediar uma solução diplomática para o conflito
que opõe a Colômbia aos vizinhos Equador e Venezuela, segundo apurou a Folha.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonaria ainda ontem para o colega do Equador,
Rafael Correa. Já estava prevista uma conversa telefônica hoje
entre Lula e a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, para discutir energia. Mas o brasileiro pretende abordar a crise
entre os três países.
Segundo integrantes da cúpula do governo, Lula também
deverá tratar do assunto com a
presidente do Chile, Michelle
Bachelet, e com o colega da Venezuela, Hugo Chávez.
Nas palavras de um integrante da cúpula do governo, "uma
ação conjunta" entre Brasil, Argentina e Chile deverá ajudar a
evitar eventual conflito bélico
entre a Colômbia e a dupla Venezuela-Equador. Chávez deslocou tropas para a fronteira e
fez discurso inflamado contra o
colega da Colômbia, Álvaro
Uribe. Em solo equatoriano,
militares da Colômbia mataram Raúl Reyes, número 2 das
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Apesar da tensão ao longo do
dia de ontem, o Palácio do Planalto não acredita em desenlace militar, mas sim numa saída
diplomática. Na avaliação do
governo brasileiro, todos os
três países envolvidos diretamente na crise têm mais a perder do que a ganhar com a escalada do conflito.
Daí a importância de uma
atuação coordenada entre Brasil, Argentina e Chile, democracias comandadas, respectivamente, por políticos moderados. O Brasil avalia ser preciso
pressão internacional para serenar os ânimos.
Esclarecimentos
Para que pudesse atuar mais
fortemente a partir de hoje, Lula pediu a auxiliares esclarecimentos a respeito do episódio.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o assessor internacional do Palácio do
Planalto, Marco Aurélio Garcia,
tiveram contatos ontem com
diplomatas e dirigentes dos
países vizinhos.
Exemplo de dúvida esclarecida: foi dito a Lula que a Colômbia estaria prestes a mudar a
justificativa para o seu ataque
em solo equatoriano, de direito
de defesa para direito de perseguição. Na primeira versão, a
Colômbia disse que não entrou
em solo equatoriano e que recorreu a direito de defesa, bombardeando o país vizinho. Se
passar a declarar direito de perseguição, dará status de maior
gravidade à crise, pois pressupõe invasão de outro país.
Os EUA, que dão assessoria
militar à Colômbia no combate
às Farc, são o país que mais recorre a ele.
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