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Em um gesto para os palestinos, Lula vai passar noite em Belém
Presidente faz visita a Oriente Médio em meio a crescentes tensões na região
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
O programa da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste mês a Israel e aos territórios palestinos ainda não foi
divulgado, mas um gesto carregado de significado político já
está definido: ele irá passar
uma noite em Belém.
O pernoite na cidade onde
nasceu Jesus, segundo a tradição cristã, é um claro sinal de
apoio à ANP (Autoridade Nacional Palestina), que controla
Belém. Em geral, o protocolo
seguido por líderes estrangeiros é visitar Ramallah, sede da
ANP, e dormir em Jerusalém.
O presidente Lula, que desembarca em Israel no próximo dia 14, chega num momento de crescentes tensões entre
Israel e seus vizinhos, a começar pelos palestinos. O processo de paz do qual o Itamaraty
manifestou interesse em participar torna-se uma possibilidade cada vez mais remota.
Paradas há mais de um ano,
as negociações entre palestinos
estão em ponto morto desde
que o primeiro-ministro direitista Binyamin Netanyahu assumiu o governo israelense no
início de 2009. Israel acusa os
palestinos de impor precondições para reabrir o diálogo, e os
EUA de Barack Obama não
conseguem quebrar o gelo entre as duas partes.
Atritos
Diante do impasse, circula
entre os palestinos a ameaça de
uma terceira intifada (rebelião), em meio a uma sucessão
de atritos. Um deles é a desapropriação e a demolição de casas em Jerusalém Oriental, que
os palestinos querem como a
capital de seu Estado -já para
os israelenses, a cidade deve
permanecer indivisível e sob
controle judaico.
Ontem, o prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, revelou o plano de construir um parque turístico perto das muralhas da
cidade velha, o que implicaria a
destruição de 20 casas de palestinos. Barkat alega que as construções são irregulares e que o
turismo gerado pelo parque
também beneficiará os moradores árabes do bairro.
Pouco antes do anúncio, o
premiê Netanyahu pediu a Barkat que tente uma solução negociada com os moradores antes de implementar o projeto, o
que deve adiar as demolições
por um tempo. Mas os palestinos alertaram que haverá uma
conflagração se o plano do prefeito for executado.
Além disso, a decisão do governo de Israel de incluir dois
santuários religiosos situados
em territórios palestinos em
seu patrimônio histórico esquentou os ânimos, deflagrando uma série de confrontos na
volátil cidade de Hebron, onde
está o Túmulo dos Patriarcas.
O outro santuário, o Túmulo
de Raquel, fica em Belém, onde
o presidente Lula passará a noite do dia 16. O gesto faz parte da
preocupação da diplomacia
brasileira de manter o equilíbrio entre Israel e os palestinos,
dando tempo igual para as duas
visitas. Em seguida, Lula ficará
um dia na Jordânia.
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