|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Washington diz que, diferentemente do Brasil, os governos atingidos não devem tomar medidas retaliatórias
EUA exigirão digitais também de países ricos
DA REDAÇÃO
Os EUA passarão a exigir que
viajantes estrangeiros de 27 países
também sejam fotografados e tenham as digitais registradas ao
chegar a território americano.
A medida anunciada ontem entra em vigor no dia 30 de setembro e atinge cidadãos de países
aliados como o Reino Unido, o Japão e a Austrália, que podem viajar aos Estados Unidos sem visto
por até 90 dias, segundo o Departamento de Segurança Interna.
O governo do presidente George W. Bush tomou essa decisão
após concluir que a maioria dos
países liberados de visto não conseguirá implantar determinação
que exige passaportes biométricos até outubro. Esse tipo de passaporte traz as impressões digitais
e a íris do portador, o que dificulta
bastante as falsificações.
Cidadãos desses países continuam dispensados de entrevistas
em consulados, checagem de antecedentes e outras exigências para a obtenção do visto.
Conhecido pela sigla US-Visit, o
programa que regulamenta a entrada de estrangeiros foi aprovado pelo Congresso em resposta
aos atentados do 11 de Setembro.
Polêmica com o Brasil
Em janeiro, o governo norte-americano começou a fotografar
e a tirar as impressões digitais de
viajantes vindos de países com
exigência de visto.
A exigência causou reação imediata no Brasil, que, por determinação judicial, passou também a
fotografar e tirar digitais de norte-americanos em visita ao país. Durante encontro com Bush no México, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva chegou a pedir ao colega
o fim da exigência de visto para
brasileiros em viagem aos Estados
Unidos. Não foi atendido.
Asa Hutchinson, subsecretário
de Segurança Interna, disse não
esperar que os outros países sigam o exemplo do Brasil e passem
a adotar medidas de reciprocidade. Segundo ele, o governo norte-americano entrou em contato
com os países atingidos pela medida de ontem e eles concordaram com a inclusão no US-Visit.
"Ninguém expressou reservas",
disse o subsecretário. "Nossos
aliados verão isso como uma boa
medida de segurança."
Segundo o governo americano,
cerca de 5 milhões de visitantes
passaram por esse processo até
agora. Mais de 200 pessoas com
violações da lei de imigração, antecedentes criminais ou suspeitas
de terem cometido crime foram
barradas.
Cerca de 13 milhões de visitantes chegam anualmente aos EUA
vindos dos países atingidos pela
medida de ontem. Para Hutchinson, no entanto, não haverá congestionamentos nos portos e aeroportos do país, já que o procedimento leva apenas 23 segundos.
Reação
Apesar de os governos dos países atingidos aparentemente terem concordado com a medida,
algumas pessoas ouvidas pela
agência Associated Press criticaram a medida.
"O que eles estão tentando fazer, se isolar de seus últimos aliados? É uma decisão estranha",
disse Arjan Blom, 31, estudante de
história em Amsterdã (Holanda).
Em Londres, o britânico Louis
Michael disse que considera a medida "humilhante". "Existem
1.001 lugares para viajar, então
por que não ir a algum lugar onde
não serei tratado como um criminoso?", disse.
O governo francês, que mantém
relações estremecidas com os
EUA, não se manifestou ontem.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Medo volta a ameaçar país no início da Páscoa Próximo Texto: Bush entrega papéis de Clinton sobre terrorismo Índice
|