São Paulo, sábado, 03 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Washington diz que, diferentemente do Brasil, os governos atingidos não devem tomar medidas retaliatórias

EUA exigirão digitais também de países ricos

DA REDAÇÃO

Os EUA passarão a exigir que viajantes estrangeiros de 27 países também sejam fotografados e tenham as digitais registradas ao chegar a território americano.
A medida anunciada ontem entra em vigor no dia 30 de setembro e atinge cidadãos de países aliados como o Reino Unido, o Japão e a Austrália, que podem viajar aos Estados Unidos sem visto por até 90 dias, segundo o Departamento de Segurança Interna.
O governo do presidente George W. Bush tomou essa decisão após concluir que a maioria dos países liberados de visto não conseguirá implantar determinação que exige passaportes biométricos até outubro. Esse tipo de passaporte traz as impressões digitais e a íris do portador, o que dificulta bastante as falsificações.
Cidadãos desses países continuam dispensados de entrevistas em consulados, checagem de antecedentes e outras exigências para a obtenção do visto.
Conhecido pela sigla US-Visit, o programa que regulamenta a entrada de estrangeiros foi aprovado pelo Congresso em resposta aos atentados do 11 de Setembro.

Polêmica com o Brasil
Em janeiro, o governo norte-americano começou a fotografar e a tirar as impressões digitais de viajantes vindos de países com exigência de visto.
A exigência causou reação imediata no Brasil, que, por determinação judicial, passou também a fotografar e tirar digitais de norte-americanos em visita ao país. Durante encontro com Bush no México, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a pedir ao colega o fim da exigência de visto para brasileiros em viagem aos Estados Unidos. Não foi atendido.
Asa Hutchinson, subsecretário de Segurança Interna, disse não esperar que os outros países sigam o exemplo do Brasil e passem a adotar medidas de reciprocidade. Segundo ele, o governo norte-americano entrou em contato com os países atingidos pela medida de ontem e eles concordaram com a inclusão no US-Visit.
"Ninguém expressou reservas", disse o subsecretário. "Nossos aliados verão isso como uma boa medida de segurança."
Segundo o governo americano, cerca de 5 milhões de visitantes passaram por esse processo até agora. Mais de 200 pessoas com violações da lei de imigração, antecedentes criminais ou suspeitas de terem cometido crime foram barradas.
Cerca de 13 milhões de visitantes chegam anualmente aos EUA vindos dos países atingidos pela medida de ontem. Para Hutchinson, no entanto, não haverá congestionamentos nos portos e aeroportos do país, já que o procedimento leva apenas 23 segundos.

Reação
Apesar de os governos dos países atingidos aparentemente terem concordado com a medida, algumas pessoas ouvidas pela agência Associated Press criticaram a medida.
"O que eles estão tentando fazer, se isolar de seus últimos aliados? É uma decisão estranha", disse Arjan Blom, 31, estudante de história em Amsterdã (Holanda).
Em Londres, o britânico Louis Michael disse que considera a medida "humilhante". "Existem 1.001 lugares para viajar, então por que não ir a algum lugar onde não serei tratado como um criminoso?", disse.
O governo francês, que mantém relações estremecidas com os EUA, não se manifestou ontem.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Medo volta a ameaçar país no início da Páscoa
Próximo Texto: Bush entrega papéis de Clinton sobre terrorismo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.