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Retaliação trará sangue, dizem iraquianos
DA REDAÇÃO
Dois dias após o brutal assassinato de quatro americanos, que
levou o comando militar dos EUA
a prometer uma resposta "arrasadora", não se viam soldados do
país no centro de Fallujah. Líderes
locais condenaram a mutilação
dos corpos, mas disseram que
uma resposta americana muito
dura só irá provocar mais derramamento de sangue.
"Os americanos deveriam pensar antes de agir. Se eles entrarem
em Fallujah e usarem a força,
também encontrarão força. Todos aqui estão irritados com a
ocupação, e há muitas tribos, o
que significa que haverá vingança. Os americanos deveriam manter-se afastados", disse o tenente
Mohammad Tarik, da força de segurança iraquiana.
O xeque Fawzi Nameq, em sermão para 600 fiéis numa mesquita próxima de onde os quatro
americanos foram mortos, condenou os atos de violência. "O islã
não apóia a mutilação dos corpos
de mortos", disse.
Outro xeque, Hamid Saleh,
também fez críticas: "É um comportamento infantil cometido por
ignorantes. É um erro grave que
destrói a reputação do islã". Os
dois seguiam uma diretriz estabelecida por clérigos superiores de
Fallujah para que os líderes religiosos condenassem a mutilação.
Em Bagdá, o general Mark Kimmitt, vice-diretor de operações do
Exército americano no Iraque,
disse que reprovar a mutilação
dos corpos, mas não os assassinatos, não é o bastante. "A condenação da mutilação ajuda, mas é
uma resposta parcial. O assassinato de inocentes precisa ser condenado."
Em Huntington (Virgínia do
Oeste), o presidente George W.
Bush disse que os EUA "jamais se
intimidarão". "Eles estão tentando abalar a nossa determinação.
Mas não entendem este país. Nós
manteremos o curso. Ainda temos muito trabalho duro para fazer no Iraque", afirmou, durante
visita a uma faculdade.
Fallujah, localizada 55 km a oeste de Bagdá, fica no chamado
Triângulo Sunita e é um dos principais focos de resistência à ocupação dos EUA e de apoio ao ex-ditador Saddam Hussein.
Os moradores acusam as tropas
americanas de excesso de violência em suas batidas em busca de
insurgentes e de atirar a esmo.
Muitos ainda juram vingança por
incidente de um ano atrás, quando soldados dispararam contra
uma multidão que protestava e
mataram 15 pessoas.
Uma pesquisa feita em fevereiro
na Província de Anbar, onde está
Fallujah, apontou que 71% dos
iraquianos julgam que ataques às
forças da coalizão são ações políticas "aceitáveis". Em todo o país, a
aprovação é de apenas 17%, de
acordo com o levantamento realizado pela Oxford Research International para redes de TV.
Mais mortes
Um soldado americano morreu
e outro ficou ferido ontem de manhã em Bagdá em um ataque com
bomba. Um marine também
morreu na Província de Anbar
em conseqüência de ferimentos
recebidos em ataque anteontem.
Em Riyadh (norte), três homens
morreram quando uma bomba
que colocavam ao lado da sede do
governo explodiu. No sul, em Kufa, atiradores mataram o comandante da polícia iraquiana. Desde
o começo da guerra, em março de
2003, já morreram 601 soldados
dos EUA, segundo o Pentágono.
Com agências internacionais
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