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Haider quer unir extrema direita européia, sem Le Pen
JULIETA RUDICH
DO "EL PAÍS"
Na Dinamarca, na Holanda, na
Itália e no sul da Alemanha há um
"enorme potencial" para formar
um movimento europeu de direita, segundo o extremista austríaco
Jörg Haider.
Haider, que integra a coalizão
de poder no seu país, propõe aos
"partidos irmãos" juntar seus esforços para se apresentarem unidos nas eleições para o Parlamento Europeu em 2004. Em sua proposta, Haider não citou a Frente
Nacional, de Jean-Marie Le Pen.
Segundo ele, "Le Pen e Haider são
muito diferentes".
Em entrevista ao semanário
austríaco "Profil", o político que,
com 27% dos votos, liderou a ascensão de seu Partido da Liberdade (PL) ao governo da Áustria em
fevereiro de 2000, descreve sua
oferta. Haider, que evocou repetidas vezes nos últimos anos a idéia
de se associar a movimentos afins,
se mostra convencido de que é
"urgentemente necessário" um
partido com dimensão européia,
encabeçado por ele mesmo.
Segundo Haider, o partido poderia se chamar Nova Europa e
teria "um programa oposto à loucura burocrática de Bruxelas",
sendo contrário à ampliação da
União Européia.
Haider acredita que a Liga Norte (direita xenófoba, integrante do
governo italiano) e parte da Força
Itália (centro-direita, partido do
premiê da Itália, Silvio Berlusconi) estejam dispostas a cooperar.
O direitista austríaco salientou
que é preciso "prestar atenção para que o movimento não seja acusado de extremista ou racista".
Haider assegura que são precisamente as "posições racistas" de
Le Pen o que o tornam inaceitável
"em um mundo moderno". Não
obstante, o PL austríaco nunca se
apartou de seu discurso xenófobo. E agora, na coalizão com o
Partido Popular, insiste em limitar ao máximo a acolhida de imigrantes e refugiados.
O presidente do Vlaams Blok
(bloco flamengo), da Bélgica,
Frank Vanhecke, classificou de
"algo sem muito interesse" a proposta de Haider. "Nós somos nacionalistas nacionais. Estamos
contra uma Europa federal e, portanto, não vejo com interesse um
partido federal."
Candidato a premiê
O secretário-geral do PL, Peter
Sichrovsky, não descarta que Jörg
Haider apresente uma facção própria para as eleições ao Parlamento Europeu em 2004. Isso o obrigaria a apresentar candidatos e
compor listas em um terço dos
países membros e conseguir 5%
dos votos para superar a barreira
que lhe permitiria ter cadeiras na
Câmara européia.
Após dois anos e meio com um
governo formado pelos conservadores do Partido Popular e os ultradireistas do PL, somente 15%
dos austríacos conseguem imaginar Haider no cargo de chefe de
governo.
Hoje, o líder direitista não cumpre outra função a não ser a de
chefe de governo regional da Caríntia, apesar de continuar, informalmente, segurando as rédeas
de seu partido.
Pesquisa do Instituto Market indica que até mesmo metade dos
eleitores do PL não imaginam
Haider no cargo de chanceler
(premiê), objetivo que o extremista persegue, conforme entrevista que ele deu à rede de TV árabe Al Jazeera no mês passado.
Acompanhado por um falcão
branco, mascote de seu partido, o
político austríaco disse à rede de
TV do Qatar que apoiava a causa
palestina.
O Partido do Povo Dinamarquês descartou tacitamente a possibilidade de se unir a Haider.
"Nós defendemos os interesses do
dinamarqueses e não temos nenhum plano de integrar uma coalizão", disse Peter Skaarup, vice-presidente da agremiação.
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