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Católicos ligam abusos a gays e causam protesto
DE NOVA YORK
No começo da semana, cerca
de cem manifestantes pró-direitos dos homossexuais se
reuniram diante da catedral de
St. Patrick, a principal e mais rica de Nova York, encravada na
parte nobre da Quinta Avenida, em Manhattan. Enquanto o
bispo William McCormack celebrava a missa, eles gritavam,
cantavam e exibiam cartazes.
Protestavam contra declaração do monsenhor Eugene
Clark, feita em sermão na mesma igreja no dia 21 de abril, segundo a qual grande parte da
culpa da atual crise por que
passa a Igreja Católica nos EUA
era devido à admissão de estudantes assumidamente gays
nos seminários.
"A admissão foi um erro",
afirmou o religioso, que concluiu a preleção classificando a
opção sexual de "doença". Não
foi a primeira vez que representantes católicos fizeram a relação entre homossexualismo e
abusos sexuais de menores.
Mas foi uma das mais diretas.
Foi também a que maior reação causou até agora. "É um
movimento muito bem pensado e orquestrado para desviar,
dos verdadeiros culpados, a
culpa por este desastre moral",
disse Matt Foreman, da ONG
Anti-Violence Project, uma das
organizadoras do ato, que segurava um cartaz com os dizeres "Não queremos ser bodes
expiatórios".
Antes do monsenhor Clark, o
cardeal Adam Maida, de Detroit, havia declarado que a crise "não é causada pela pedofilia, mas pelo homossexualismo", e o cardeal Francis George, de Chicago, insinuou que os
casos de abuso entre pessoas
do mesmo sexo eram mais graves do que aqueles praticados
por padres contra meninas.
Joe Zwilling, o porta-voz da
Arquidiocese de Nova York,
afirmou que não tinha comentários a fazer sobre o assunto,
embora tivesse dito antes que as opiniões polêmicas eram de responsabilidade de quem as elaborou, e não da igreja.
Já o presidente da Conferência dos Bispos dos EUA, Wilton
Gregory, evitou tratar direto do
tema com os repórteres, mas
afirmou que era missão de todos os religiosos evitar que o
sacerdócio fosse "dominado
por homens homossexuais".
(SD)
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