São Paulo, sexta-feira, 03 de maio de 2002

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Católicos ligam abusos a gays e causam protesto

DE NOVA YORK

No começo da semana, cerca de cem manifestantes pró-direitos dos homossexuais se reuniram diante da catedral de St. Patrick, a principal e mais rica de Nova York, encravada na parte nobre da Quinta Avenida, em Manhattan. Enquanto o bispo William McCormack celebrava a missa, eles gritavam, cantavam e exibiam cartazes.
Protestavam contra declaração do monsenhor Eugene Clark, feita em sermão na mesma igreja no dia 21 de abril, segundo a qual grande parte da culpa da atual crise por que passa a Igreja Católica nos EUA era devido à admissão de estudantes assumidamente gays nos seminários.
"A admissão foi um erro", afirmou o religioso, que concluiu a preleção classificando a opção sexual de "doença". Não foi a primeira vez que representantes católicos fizeram a relação entre homossexualismo e abusos sexuais de menores. Mas foi uma das mais diretas.
Foi também a que maior reação causou até agora. "É um movimento muito bem pensado e orquestrado para desviar, dos verdadeiros culpados, a culpa por este desastre moral", disse Matt Foreman, da ONG Anti-Violence Project, uma das organizadoras do ato, que segurava um cartaz com os dizeres "Não queremos ser bodes expiatórios".
Antes do monsenhor Clark, o cardeal Adam Maida, de Detroit, havia declarado que a crise "não é causada pela pedofilia, mas pelo homossexualismo", e o cardeal Francis George, de Chicago, insinuou que os casos de abuso entre pessoas do mesmo sexo eram mais graves do que aqueles praticados por padres contra meninas.
Joe Zwilling, o porta-voz da Arquidiocese de Nova York, afirmou que não tinha comentários a fazer sobre o assunto, embora tivesse dito antes que as opiniões polêmicas eram de responsabilidade de quem as elaborou, e não da igreja.
Já o presidente da Conferência dos Bispos dos EUA, Wilton Gregory, evitou tratar direto do tema com os repórteres, mas afirmou que era missão de todos os religiosos evitar que o sacerdócio fosse "dominado por homens homossexuais". (SD)


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