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Blix diz que Iraque não comprovou ter destruído suas armas proibidas
DA REDAÇÃO
O chefe dos inspetores de armas
da ONU no Iraque, o sueco Hans
Blix, disse ontem, em relatório final ao Conselho de Segurança
(CS) da entidade, que o regime do
ex-ditador Saddam Hussein não
deu informações completas sobre
o destino de seus estoques de antraz e do gás nervoso VX (usados
em armas biológicas e químicas).
Segundo Blix, os dados disponíveis "não resolvem a questão referente à quantidade de antraz produzida e destruída pelo Iraque". A
declaração coloca um pouco mais
de lenha na polêmica sobre o destino das supostas armas de destruição em massa iraquianas.
Segundo as resoluções da ONU
sobre o Iraque -aceitas por Saddam após sua derrota na Guerra
do Golfo (1991)-, o país teria que
destruir seus arsenais de armas de
destruição em massa "sob supervisão internacional". Como deixa
claro o relatório de Blix, Saddam
não apresentou provas da destruição dos estoques de antraz e
VX que teve no passado.
A suposta existência de armas
de destruição em massa no Iraque
- principal motivo alegado pelos
EUA e pelo Reino Unido para atacarem o país- é motivo de crescente discussão desde a queda de
Bagdá, no início de abril.
Apesar das buscas realizadas
em território iraquiano pelas forças de ocupação anglo-americanas, ainda não foram encontradas
provas de sua existência. Na semana passada, o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld,
chegou a sugerir que as armas podem ter sido destruídas antes do
início da guerra.
Se isso fosse comprovado, cairia
o argumento dos EUA e do Reino
Unido sobre a absoluta necessidade da guerra. Mas a simples destruição não teria sido suficiente,
pois a ONU exigia que isso ocorresse "sob supervisão internacional".
Blix, que deixa seu cargo no final do mês, entregou ao CS um relatório de 45 páginas sobre suas
atividades no Iraque. Ele critica os
EUA e o Reino Unido por não terem permitido que os inspetores
tivessem mais tempo para ir atrás
de uma série de pistas.
Também diz que os EUA e o
Reino Unido ignoraram completamente os inspetores da ONU
desde a queda de Saddam. "A
coalizão não nos solicitou qualquer informação ou assistência",
disse Blix, que afirma acompanhar as buscas pelos jornais.
Desde a véspera do início da
guerra, o trabalho dos inspetores
no Iraque foi suspenso. E, apesar
da pressão de diversos países e entidades -que defendem que apenas a ONU tem independência
para investigar o destino das armas iraquianas-, os EUA e o
Reino Unido ainda não permitiram que eles voltem a Bagdá.
A partir de hoje, um pequeno
grupo de investigadores da ONU
na área nuclear deverá voltar ao
Iraque, mas com uma missão
muito específica e limitada.
Blix defende que a ONU mantenha o grupo de inspetores devido
a seu amplo conhecimento "das
informações e dos arquivos sobre
o tema, dos programas, dos locais
e das pessoas relevantes no Iraque
e da logística das inspeções".
Powell rebate acusações
O secretário de Estado dos EUA,
Colin Powell, defendeu as informações de inteligência sobre o
Iraque que ele mesmo apresentou
ao CS da ONU antes da guerra.
"Existiam armas de destruição
em massa no Iraque. Isso não é resultado da imaginação de ninguém. O Iraque usou essas armas
contra o Irã nos anos 80", disse.
"E eu não tive dúvidas, quando
analisei o material de inteligência
e me preparei para o depoimento
[na ONU], de que as provas de
que eles continuavam a desenvolvê-las eram contundentes."
O premiê britânico, Tony Blair,
voltou a afirmar ontem que tem
certeza da existência das armas.
"Sustento, com 100% de convicção, os indícios que apresentamos
às pessoas [antes da guerra]."
Com agências internacionais
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