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São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2003

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Blix diz que Iraque não comprovou ter destruído suas armas proibidas

DA REDAÇÃO

O chefe dos inspetores de armas da ONU no Iraque, o sueco Hans Blix, disse ontem, em relatório final ao Conselho de Segurança (CS) da entidade, que o regime do ex-ditador Saddam Hussein não deu informações completas sobre o destino de seus estoques de antraz e do gás nervoso VX (usados em armas biológicas e químicas).
Segundo Blix, os dados disponíveis "não resolvem a questão referente à quantidade de antraz produzida e destruída pelo Iraque". A declaração coloca um pouco mais de lenha na polêmica sobre o destino das supostas armas de destruição em massa iraquianas.
Segundo as resoluções da ONU sobre o Iraque -aceitas por Saddam após sua derrota na Guerra do Golfo (1991)-, o país teria que destruir seus arsenais de armas de destruição em massa "sob supervisão internacional". Como deixa claro o relatório de Blix, Saddam não apresentou provas da destruição dos estoques de antraz e VX que teve no passado.
A suposta existência de armas de destruição em massa no Iraque - principal motivo alegado pelos EUA e pelo Reino Unido para atacarem o país- é motivo de crescente discussão desde a queda de Bagdá, no início de abril.
Apesar das buscas realizadas em território iraquiano pelas forças de ocupação anglo-americanas, ainda não foram encontradas provas de sua existência. Na semana passada, o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, chegou a sugerir que as armas podem ter sido destruídas antes do início da guerra.
Se isso fosse comprovado, cairia o argumento dos EUA e do Reino Unido sobre a absoluta necessidade da guerra. Mas a simples destruição não teria sido suficiente, pois a ONU exigia que isso ocorresse "sob supervisão internacional".
Blix, que deixa seu cargo no final do mês, entregou ao CS um relatório de 45 páginas sobre suas atividades no Iraque. Ele critica os EUA e o Reino Unido por não terem permitido que os inspetores tivessem mais tempo para ir atrás de uma série de pistas.
Também diz que os EUA e o Reino Unido ignoraram completamente os inspetores da ONU desde a queda de Saddam. "A coalizão não nos solicitou qualquer informação ou assistência", disse Blix, que afirma acompanhar as buscas pelos jornais.
Desde a véspera do início da guerra, o trabalho dos inspetores no Iraque foi suspenso. E, apesar da pressão de diversos países e entidades -que defendem que apenas a ONU tem independência para investigar o destino das armas iraquianas-, os EUA e o Reino Unido ainda não permitiram que eles voltem a Bagdá.
A partir de hoje, um pequeno grupo de investigadores da ONU na área nuclear deverá voltar ao Iraque, mas com uma missão muito específica e limitada.
Blix defende que a ONU mantenha o grupo de inspetores devido a seu amplo conhecimento "das informações e dos arquivos sobre o tema, dos programas, dos locais e das pessoas relevantes no Iraque e da logística das inspeções".

Powell rebate acusações
O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, defendeu as informações de inteligência sobre o Iraque que ele mesmo apresentou ao CS da ONU antes da guerra. "Existiam armas de destruição em massa no Iraque. Isso não é resultado da imaginação de ninguém. O Iraque usou essas armas contra o Irã nos anos 80", disse.
"E eu não tive dúvidas, quando analisei o material de inteligência e me preparei para o depoimento [na ONU], de que as provas de que eles continuavam a desenvolvê-las eram contundentes."
O premiê britânico, Tony Blair, voltou a afirmar ontem que tem certeza da existência das armas. "Sustento, com 100% de convicção, os indícios que apresentamos às pessoas [antes da guerra]."


Com agências internacionais


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