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Deportação é precedida por espera tensa
Maioria dos ativistas deixa prisão de madrugada mas voa só à noite, após divergências entre Israel e Turquia
Brasileira Iara Lee era um dos passageiros que foram deportados para Istambul em voo fretado por Ancara
DE JERUSALÉM
Após um dia de notícias
desencontradas, longa espera e guerra de nervos entre Israel e Turquia, quase 700 ativistas da frota humanitária
Gaza Livre capturados por Israel foram deportados ontem, a maioria para a Turquia
-entre eles, estava a cineasta brasileira Iara Lee.
Os ativistas começaram a
ser retirados da prisão de
Elah, no deserto do Neguev,
na madrugada de ontem,
após Israel ceder à pressão
internacional e desistir de
processá-los, iniciando a deportação imediata.
Os primeiros a deixar Israel foram os ativistas de países árabes.
Cerca de cem deles foram
levados em ônibus até a fronteira com a Jordânia, de onde
foram deportados.
De acordo com a Embaixada do Brasil em Tel Aviv, a
brasileira Iara Lee deixou a
prisão por volta de 9h em direção ao aeroporto internacional de Ben Gurion junto
com centenas de outros ativistas, para embarcar num
dos cinco aviões fretados pelo governo turco.
Entretanto, alguns contratempos resultaram numa espera tensa no terminal aéreo.
Dentro dele, os ativistas ficaram numa área isolada,
sem contato com a imprensa
nem com os representantes
diplomáticos.
Inicialmente foi informado que o motivo da demora
seria um pedido, em estudo
no Supremo Tribunal israelense, de impedir a saída de
cerca de 50 ativistas envolvidos no linchamento de soldados. Eles ficariam no país
para ser julgados.
Mas a Procuradoria-Geral
do país acabou desistindo da
ação, alegando que "mantê-los [sob custódia] traria mais
danos aos interesses vitais do
país que benefícios".
Com cinco aviões preparados para partir e a festa preparada em Istambul para recebê-los como heróis, os ativistas continuavam isolados,
e o embarque não acontecia.
A impaciência crescente
deflagrou alguns choques
entre militantes e a polícia.
Após mais de 12 horas de
espera, a diplomacia israelense disse que o motivo do
impasse era a insistência de
Ancara de que nenhum ativista ficasse para trás.
Três turcos feridos na interceptação israelense estavam hospitalizados em condições delicadas, e os médicos desaconselharam que
viajassem.
Dois feridos foram levados
a Ancara em um avião militar
turco, e o restante seguiu para Istambul.
Até o fechamento desta
edição não estava claro se algum dos ativistas havia permanecido em território israelense.
(MARCELO NINIO)
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