São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2010

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Deportação é precedida por espera tensa

Maioria dos ativistas deixa prisão de madrugada mas voa só à noite, após divergências entre Israel e Turquia

Brasileira Iara Lee era um dos passageiros que foram deportados para Istambul em voo fretado por Ancara


DE JERUSALÉM

Após um dia de notícias desencontradas, longa espera e guerra de nervos entre Israel e Turquia, quase 700 ativistas da frota humanitária Gaza Livre capturados por Israel foram deportados ontem, a maioria para a Turquia -entre eles, estava a cineasta brasileira Iara Lee.
Os ativistas começaram a ser retirados da prisão de Elah, no deserto do Neguev, na madrugada de ontem, após Israel ceder à pressão internacional e desistir de processá-los, iniciando a deportação imediata.
Os primeiros a deixar Israel foram os ativistas de países árabes.
Cerca de cem deles foram levados em ônibus até a fronteira com a Jordânia, de onde foram deportados.
De acordo com a Embaixada do Brasil em Tel Aviv, a brasileira Iara Lee deixou a prisão por volta de 9h em direção ao aeroporto internacional de Ben Gurion junto com centenas de outros ativistas, para embarcar num dos cinco aviões fretados pelo governo turco.
Entretanto, alguns contratempos resultaram numa espera tensa no terminal aéreo.
Dentro dele, os ativistas ficaram numa área isolada, sem contato com a imprensa nem com os representantes diplomáticos.
Inicialmente foi informado que o motivo da demora seria um pedido, em estudo no Supremo Tribunal israelense, de impedir a saída de cerca de 50 ativistas envolvidos no linchamento de soldados. Eles ficariam no país para ser julgados.
Mas a Procuradoria-Geral do país acabou desistindo da ação, alegando que "mantê-los [sob custódia] traria mais danos aos interesses vitais do país que benefícios".
Com cinco aviões preparados para partir e a festa preparada em Istambul para recebê-los como heróis, os ativistas continuavam isolados, e o embarque não acontecia.
A impaciência crescente deflagrou alguns choques entre militantes e a polícia.
Após mais de 12 horas de espera, a diplomacia israelense disse que o motivo do impasse era a insistência de Ancara de que nenhum ativista ficasse para trás.
Três turcos feridos na interceptação israelense estavam hospitalizados em condições delicadas, e os médicos desaconselharam que viajassem.
Dois feridos foram levados a Ancara em um avião militar turco, e o restante seguiu para Istambul.
Até o fechamento desta edição não estava claro se algum dos ativistas havia permanecido em território israelense. (MARCELO NINIO)


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