São Paulo, terça-feira, 03 de setembro de 2002

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SEGURANÇA NO AR

Corte ordena que Chatty, de origem tunisiana, fique preso; em 96, ele fez curso de pilotagem nos EUA

Sueco é acusado de tentar sequestrar avião

DA REDAÇÃO

O sueco de origem tunisiana Kerim Sadok Chatty, 29, preso na semana passada tentando embarcar com uma arma num vôo que ia de Estocolmo a Londres, foi ontem formalmente acusado de tentar sequestrar o avião.
A corte que julga o seu caso na Suécia decidiu que ele permanecerá preso por pelo menos mais duas semanas, para dar tempo aos investigadores encontrarem provas de sua suposta ligação com grupos terroristas.
O promotor Thomas Haggstrom disse que, se fosse solto, Chatty poderia tentar fugir e destruir provas. A pena máxima, se condenado, é de prisão perpétua.
Fontes dos serviços de inteligência europeus disseram que o acusado planejava tomar o comando da aeronave e derrubá-la sobre uma embaixada dos EUA na Europa. Essa informação foi negada por uma alta autoridade policial sueca. "Não tenho provas sobre planos de derrubar o avião", disse Haggstrom.

Aulas de pilotagem
As desconfianças sobre a possível ligação de Chatty com atividades como as realizadas por membros da rede terrorista Al Qaeda em 11 de setembro aumentaram quando as autoridades descobriram que o sueco frequentou uma escola de pilotagem de aviões na Carolina do Sul, nos EUA.
No sábado, agentes do FBI visitaram a escola, na cidade de Conway. Segundo o seu diretor, Robert Sunday, ele começou a tomar aulas em setembro de 1996, mas foi afastado poucos meses mais tarde porque era um aluno fraco.
Pelo menos três dos sequestradores dos jatos usados nos atentados em Nova York e Washington estudaram em escolas de aviação nos EUA. Isso ocorreu, porém, em 2000. Segundo investigadores da Alemanha, o plano de usar aviões como mísseis provavelmente não foi concebido antes de 1999 -anos depois das aulas de pilotagem de Chatty.
O advogado de defesa, Nils Uggla, disse ontem no tribunal que o seu cliente se pronunciava inocente de todas as acusações menos a de porte ilegal de arma.
Afirmou, porém, que Chatty não tinha a intenção de usar a arma, encontrada com a ajuda de uma máquina de raios X, para praticar um sequestro.
Segundo o advogado, ele estaria sendo injustamente suspeito de terrorismo por ser muçulmano e em razão do momento da sua detenção: dias antes do primeiro aniversário do 11 de setembro, quando as forças de segurança estão em máximo alerta para evitar novos atentados.
Na quinta-feira, o sueco levava um revólver em sua sacola de mão quando tentava embarcar num vôo da Ryanair no aeroporto de Vasteras, perto de Estocolmo.
Ele fazia parte de um grupo de 20 passageiros que viajava para participar de uma conferência islâmica em Birmingham, no Reino Unido. Nenhum outro suspeito foi preso.
Filho de pai tunisiano e mãe sueca, Chatty pratica musculação e artes marciais e possui ficha na polícia de Estocolmo por porte de arma ilegal, dirigir embriagado, roubo e agressão. Em 1999, foi condenado a um ano de prisão após agredir um fuzileiro naval americano que trabalhava na Embaixada dos EUA na Suécia.
Desde aquele ano, ele passou a se dedicar a estudos islâmicos, seguido ensinamentos ortodoxos salafitas (uma das correntes do islã). Viajou para estudar no Iêmen em 2000 e, pouco após o 11 de setembro, teria feito peregrinação a Meca, na Arábia Saudita.


Com agências internacionais

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