São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2004

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Bush tem US$ 24,8 mi a menos que Kerry para a eventual recontagem

DA REDAÇÃO

Se a eleição for decidida pelo Judiciário de novo, o presidente George W. Bush terá uma desvantagem inicial de US$ 24,8 milhões em relação ao democrata John Kerry para dar início à batalha judicial por recontagem de votos, de acordo com estudo publicado pelo Centro por Integridade Pública, entidade de Washington que, entre outras coisas, monitora campanhas eleitorais nos EUA.
"Há muito mais dinheiro reservado para eventuais recontagens desta vez. Isso ocorre porque ambas as partes são muito mais cuidadosas do que em 2000, buscando guardar fundos para qualquer ação litigiosa pós-eleitoral. Afinal, elas sabem que a vitória de Bush na recontagem só custou US$ 13,8 milhões em 2000", afirmou à Folha Alex Knott, autor do estudo.
De fato, na eleição que opôs Bush a Al Gore, o republicano teve US$ 13,8 milhões para atividades relacionadas à recontagem de votos, enquanto o democrata só despendeu US$ 3,46 milhões, conforme dados compilados pelo Centro por Integridade Pública.
Segundo a Comissão Eleitoral Federal (CEF), os candidatos têm o direito de utilizar os fundos que sobraram da campanha para as primárias em atividades ligadas à recontagem dos votos, o que, no caso de Kerry, representa pouco menos de US$ 45 milhões. Os cofres da campanha de Bush só têm pouco mais de US$ 16 milhões.
Somando-se o montante que cada comitê de campanha reservou para ser gasto com custos contábeis e judicias, os democratas contam com US$ 51,6 milhões para eventuais despesas legais pós-eleitorais, e os republicanos possuem US$ 26,8 milhões, de acordo com dados oficiais.
"Por conta do clima contencioso da eleição deste ano, há boas chances de que haja muitas ações judiciais. Ambos os partidos já têm milhares de advogados a postos para contestar quaisquer supostas irregularidades, e a vantagem financeira inicial de Kerry deverá lhe dar mais margem de manobra", avaliou Knott.
Ele lembrou, contudo, que a vantagem de Kerry poderá esvair-se rapidamente, pois a CEF "decidiu, na semana passada, que os candidatos poderão receber doações individuais ilimitadas" para atividades legais pós-eleitorais.
"Antes, doações individuais não podiam ultrapassar US$ 2.000. Como isso mudou, indivíduos poderão ter real influência sobre uma eventual batalha judicial. Alguém poderia doar US$ 1 milhão a Bush amanhã [hoje] ou ainda o megainvestidor George Soros poderia dar US$ 1 bilhão aos democratas, o que alongaria a disputa no Judiciário. Afinal, quanto mais dinheiro possui um candidato, maiores são suas possibilidades de entrar com diferentes ações na Justiça", explicou Knott.
(MÁRCIO SENNE DE MORAES)


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