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Washington prevê mais droga e violência sem DEA na Bolívia
Casa Branca rejeita acusações de La Paz, que espera retomar cooperação com próximo governo
DA REDAÇÃO
O Departamento de Estado
americano reagiu duramente à
decisão do governo Evo Morales de suspender as atividades
da DEA, a agência antidrogas
dos EUA, na Bolívia. A chancelaria previu que, sem a cooperação de Washington, crescerá a
produção de cocaína e o país
andino será o mais afetado pelo
aumento da "corrupção, violência e tragédia" decorrentes.
Morales anunciou anteontem a suspensão do trabalho da
DEA acusando seus agentes de
conspirarem contra o governo
e de financiarem atividades da
oposição, como a invasão de aeroportos, em setembro.
O porta-voz do Departamento de Estado, Karl Duckworth,
classificou anteontem à noite
as acusações de "absurdas" e
disse que não só a Bolívia mas
também países vizinhos e a Europa, consumidores da cocaína
produzida, sofrerão. Os EUA
são os maiores consumidores
da droga. Segundo Duckworth,
nem a DEA nem qualquer outro integrante do governo americano espionaram La Paz. Já a
DEA disse que não tem agentes
na Bolívia, mas "conselheiros".
Militares reformados e a
oposição boliviana também criticaram o fim da parceria antidrogas. O governo Morales
anunciou que pretende contar
com parceiros regionais da recém-formalizada Unasul
(União de Nações Sul-Americanas) para ação antidrogas.
A suspensão da DEA aprofunda a crise entre La Paz e
Washington. Em setembro,
Morales expulsou o embaixador americano, Philip Goldberg, acusando-o de apoiar suposta tentativa de golpe contra
ele. Os EUA expulsaram o embaixador boliviano e o governo
iniciou trâmite para excluir o
país do ATPDEA, o programa
de isenção para exportações
que premia aliados andinos no
combate ao tráfico. Por meio do
benefício, a Bolívia exporta
quase US$ 400 milhões por ano
ao mercado americano.
Ontem, o governo Morales
disse que espera retomar a cooperação com a próxima Casa
Branca. Washington é há décadas o principal financiador da
ação antidrogas de La Paz, para
onde envia US$ 100 milhões
anuais. O líder cocaleiro Morales fez carreira política defendendo o cultivo legal da folha de
coca contra a política de erradicação total americana. Segundo
a ONU, o plantio de coca ilegal
no país aumentou 5% em 2007,
em comparação a 2006, contra
27% de acréscimo na Colômbia, principal aliada dos EUA.
Com agências internacionais
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