São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2008

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Washington prevê mais droga e violência sem DEA na Bolívia

Casa Branca rejeita acusações de La Paz, que espera retomar cooperação com próximo governo

DA REDAÇÃO

O Departamento de Estado americano reagiu duramente à decisão do governo Evo Morales de suspender as atividades da DEA, a agência antidrogas dos EUA, na Bolívia. A chancelaria previu que, sem a cooperação de Washington, crescerá a produção de cocaína e o país andino será o mais afetado pelo aumento da "corrupção, violência e tragédia" decorrentes.
Morales anunciou anteontem a suspensão do trabalho da DEA acusando seus agentes de conspirarem contra o governo e de financiarem atividades da oposição, como a invasão de aeroportos, em setembro.
O porta-voz do Departamento de Estado, Karl Duckworth, classificou anteontem à noite as acusações de "absurdas" e disse que não só a Bolívia mas também países vizinhos e a Europa, consumidores da cocaína produzida, sofrerão. Os EUA são os maiores consumidores da droga. Segundo Duckworth, nem a DEA nem qualquer outro integrante do governo americano espionaram La Paz. Já a DEA disse que não tem agentes na Bolívia, mas "conselheiros".
Militares reformados e a oposição boliviana também criticaram o fim da parceria antidrogas. O governo Morales anunciou que pretende contar com parceiros regionais da recém-formalizada Unasul (União de Nações Sul-Americanas) para ação antidrogas.
A suspensão da DEA aprofunda a crise entre La Paz e Washington. Em setembro, Morales expulsou o embaixador americano, Philip Goldberg, acusando-o de apoiar suposta tentativa de golpe contra ele. Os EUA expulsaram o embaixador boliviano e o governo iniciou trâmite para excluir o país do ATPDEA, o programa de isenção para exportações que premia aliados andinos no combate ao tráfico. Por meio do benefício, a Bolívia exporta quase US$ 400 milhões por ano ao mercado americano.
Ontem, o governo Morales disse que espera retomar a cooperação com a próxima Casa Branca. Washington é há décadas o principal financiador da ação antidrogas de La Paz, para onde envia US$ 100 milhões anuais. O líder cocaleiro Morales fez carreira política defendendo o cultivo legal da folha de coca contra a política de erradicação total americana. Segundo a ONU, o plantio de coca ilegal no país aumentou 5% em 2007, em comparação a 2006, contra 27% de acréscimo na Colômbia, principal aliada dos EUA.


Com agências internacionais


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