São Paulo, terça-feira, 03 de novembro de 2009

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Depois de recuo sobre colônias, Hillary tenta acalmar mundo árabe

Secretária de Estado nega mudança de posição e diz que EUA rejeitam continuidade de assentamos judaicos na Cisjordânia

Chanceler palestino se diz satisfeito com declarações de americana, que rejeitara condicionar diálogo de paz a congelamento de colônias


DA REDAÇÃO

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, tentou ontem reagir à irritação dos governos árabes gerada pelo recuo americano na exigência de que Israel congele imediatamente a expansão dos assentamentos na Cisjordânia.
O episódio vem gerando dúvidas sobre a disposição do presidente Barack Obama em pressionar Israel a frear as colônias, que tornam cada vez menos viável a criação de um Estado palestino.
Em reunião com os chanceleres árabes em Marrakech (Marrocos), Hillary negou que a posição do governo americano sobre o tema tenha mudado e insistiu em que a Casa Branca "não aceita a legitimidade da continuidade dos assentamentos israelenses".
A secretária também qualificou de insuficiente a proposta do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, de limitar em 3.000 o número de novas casas na Cisjordânia. Mesmo assim, ela defendeu que a oferta seja implementada como sinal de "significativa restrição nos assentamentos".
No sábado, a secretária de Estado enfurecera a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e vários governos árabes ao rejeitar a exigência palestina de congelamento das colônias judaicas na Cisjordânia como precondição para a retomada do diálogo de paz -suspenso desde a ofensiva israelense de dezembro e janeiro em Gaza.
O próprio Obama chegara a exigir o "congelamento" dos assentamentos, antes de mudar de tom nas últimas semanas e pedir uma "restrição" a novas construções israelenses.
O chanceler palestino, Riyad al Maliki, se disse satisfeito com as explicações de Hillary, que embarca hoje para o Egito.
"Nos surpreenderam as declarações [de Hillary em Jerusalém]. (...) Penso que essas falas já foram corrigidas", afirmou Maliki em Marrakech.
O tom conciliatório do chanceler destoa da reação inicial dos palestinos -que chegaram a qualificar o recuo americano de "golpe" nas negociações de paz- e mostra que o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, não tem alternativa a não ser seguir conversando com o governo americano.
Abbas chega às eleições presidenciais de 24 de janeiro cada vez mais isolado e pressionado. Sua popularidade despencou para 12% devido à imagem de fraco. Além disso, ele e seu partido, o secular Fatah, controlam apenas a Cisjordânia, já que a faixa de Gaza está sob controle do Hamas desde 2007. O grupo radical islâmico rejeita organizar eleições em Gaza.


Com agências internacionais


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