São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2010

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ANÁLISE O IMPÉRIO VOTA

Ciclo econômico deve beneficiar vitoriosos

História mostra que eleitos em cenário ruim tendem a capitalizar com virada e despontar no cenário nacional

MATT BAI
DO "NEW YORK TIMES"

O impacto da onda antigoverno de 2010 -se, de fato, ela se concretizar da maneira como as pesquisas indicam- será julgado nos próximos dias pelo número de cadeiras que trocarem de mãos em Washington e nas casas legislativas ao redor do país.
A longo prazo, porém, a importância de qualquer onda eleitoral não diz respeito apenas ao número de assentos ganhos e perdidos, mas a quando essa onda incide nos ciclos econômicos do país.
Por esse prisma, a história sugere que o esperado "big bang" de 2010 pode reverberar ruidosamente na nossa política por um longo tempo.
Isso porque, nos anos que virão, o país pode experimentar o tipo de recuperação econômica que a Casa Branca esperava que pegaria a tempo das eleições.
Isso não é algo certo; alguns economistas ainda preveem um longo período de estagnação. Mas a maioria dos observadores de Washington parece apostar nessa recuperação.
E são os políticos que agarram a onda política em tais momentos econômicos favoráveis -particularmente governadores que se elegem em tempos difíceis, mas governam em momentos de ascensão- os que tendem a ganhar notoriedade nacional. Não são apenas governadores, é claro, que podem se beneficiar. Se os republicanos tomarem controle de uma ou das duas Casas do Congresso, alguns dos líderes mais jovens do partido podem ganhar credibilidade.

OUTROS CICLOS
Mas governadores têm uma particular habilidade para capitalizar uma virada no ciclo econômico.
Volte a 1982, quando os republicanos no governo, ainda atolados na crise econômica que catapultou Ronald Reagan à Presidência dois anos antes, sofreram uma dura derrota nas urnas. Democratas obtiveram um ganho líquido de sete governadores naquele ano. Entre os vencedores estavam dois ex-governadores: Michael S. Dukakis e Bill Clinton.
Dukakis pegou carona na recuperação econômica que se seguiu à vitória democrata para presidente em 1988 -o que ele chamava de seu "milagre de Massachusetts".
Clinton se aproveitou do mesmo período no Arkansas (embora também tenha tido de governar na recessão do fim da década de 1980), de forma a se tornar indiscutivelmente a figura política mais influente de sua época.
Em 1994, o presidente Clinton se viu atormentado pela lentidão econômica. Entre os republicanos que se elegeram em 1994 -e que não teriam tido muita chance num ano menos turbulento- estava o novato George W. Bush, que chocou o meio político ao tirar Ann Richards do governo do Texas.
Bush chegou a Austin a tempo de pegar um período histórico de crescimento econômico sustentável. Como outros governadores da época, Bush conseguiu cortar impostos enquanto aumentava gastos com educação e equilibrava o orçamento, um pouco da mágica que fez com que se tornasse o primeiro governador do Texas a ganhar sucessivas eleições e um indicado para concorrer às eleições presidenciais em 2000.
Vários republicanos que venceram em 1994, ou no ano não eleitoral de 1993 que foi seu prelúdio, começaram a ter projeção nacional nos anos de boom. Christie Whitman, de Nova Jersey, George Pataki, de Nova York, e Tom Ridge, da Pensilvânia, todos assumiram governos em Estados democratas e subiram ao estrelato no partido.
Contraste essas carreiras com as de governadores democratas que tiveram o azar de governar quando a economia americana implodiu. Deval Patrick, de Massachusetts, e Ted Strickland, de Ohio, tentam prolongar a reeleição depois de verem sua popularidade cair. Bill Ritter Jr., do Colorado, optou por não concorrer, e Chet Culver, de Iowa, deve perder.
Nada disso sugere que a economia, por si só, é o destino. Mas sugere, sim, que políticos que duram mais tempo e com mais sucesso no cenário nacional tiveram a sorte de serem eleitos em anos agitados e de tomarem crédito pelos períodos seguintes de relativa tranquilidade.
Então, nesta eleição, você pode querer prestar atenção em um obscuro governador eleito como Scott Walker, de Wisconsin, ou Susana Martinez, do Novo México, ambos republicanos. Se a economia que eclipsou as eleições está prestes a se endireitar, você pode ouvir esses nomes de novo, talvez mesmo em 2016.


Tradução de FÁBIO FREITAS


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