|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
ANÁLISE O IMPÉRIO VOTA
Ciclo econômico deve beneficiar vitoriosos
História mostra que eleitos em cenário ruim tendem a capitalizar com virada e despontar no cenário nacional
MATT BAI
DO "NEW YORK TIMES"
O impacto da onda antigoverno de 2010 -se, de fato,
ela se concretizar da maneira
como as pesquisas indicam-
será julgado nos próximos
dias pelo número de cadeiras
que trocarem de mãos em
Washington e nas casas legislativas ao redor do país.
A longo prazo, porém, a
importância de qualquer onda eleitoral não diz respeito
apenas ao número de assentos ganhos e perdidos, mas a
quando essa onda incide nos
ciclos econômicos do país.
Por esse prisma, a história
sugere que o esperado "big
bang" de 2010 pode reverberar ruidosamente na nossa
política por um longo tempo.
Isso porque, nos anos que
virão, o país pode experimentar o tipo de recuperação
econômica que a Casa Branca esperava que pegaria a
tempo das eleições.
Isso não é algo certo; alguns economistas ainda preveem um longo período de
estagnação. Mas a maioria
dos observadores de Washington parece apostar nessa
recuperação.
E são os políticos que agarram a onda política em tais
momentos econômicos favoráveis -particularmente governadores que se elegem em
tempos difíceis, mas governam em momentos de ascensão- os que tendem a ganhar notoriedade nacional.
Não são apenas governadores, é claro, que podem se
beneficiar. Se os republicanos tomarem controle de
uma ou das duas Casas do
Congresso, alguns dos líderes mais jovens do partido
podem ganhar credibilidade.
OUTROS CICLOS
Mas governadores têm
uma particular habilidade
para capitalizar uma virada
no ciclo econômico.
Volte a 1982, quando os republicanos no governo, ainda atolados na crise econômica que catapultou Ronald
Reagan à Presidência dois
anos antes, sofreram uma
dura derrota nas urnas.
Democratas obtiveram um
ganho líquido de sete governadores naquele ano. Entre
os vencedores estavam dois
ex-governadores: Michael S.
Dukakis e Bill Clinton.
Dukakis pegou carona na
recuperação econômica que
se seguiu à vitória democrata
para presidente em 1988 -o
que ele chamava de seu "milagre de Massachusetts".
Clinton se aproveitou do
mesmo período no Arkansas
(embora também tenha tido
de governar na recessão do
fim da década de 1980), de
forma a se tornar indiscutivelmente a figura política
mais influente de sua época.
Em 1994, o presidente
Clinton se viu atormentado
pela lentidão econômica. Entre os republicanos que se
elegeram em 1994 -e que
não teriam tido muita chance
num ano menos turbulento-
estava o novato George W.
Bush, que chocou o meio político ao tirar Ann Richards
do governo do Texas.
Bush chegou a Austin a
tempo de pegar um período
histórico de crescimento econômico sustentável.
Como outros governadores da época, Bush conseguiu cortar impostos enquanto aumentava gastos
com educação e equilibrava
o orçamento, um pouco da
mágica que fez com que se
tornasse o primeiro governador do Texas a ganhar sucessivas eleições e um indicado
para concorrer às eleições
presidenciais em 2000.
Vários republicanos que
venceram em 1994, ou no
ano não eleitoral de 1993 que
foi seu prelúdio, começaram
a ter projeção nacional nos
anos de boom. Christie Whitman, de Nova Jersey, George
Pataki, de Nova York, e Tom
Ridge, da Pensilvânia, todos
assumiram governos em Estados democratas e subiram
ao estrelato no partido.
Contraste essas carreiras
com as de governadores democratas que tiveram o azar
de governar quando a economia americana implodiu.
Deval Patrick, de Massachusetts, e Ted Strickland, de
Ohio, tentam prolongar a
reeleição depois de verem
sua popularidade cair. Bill
Ritter Jr., do Colorado, optou
por não concorrer, e Chet
Culver, de Iowa, deve perder.
Nada disso sugere que a
economia, por si só, é o destino. Mas sugere, sim, que políticos que duram mais tempo e com mais sucesso no cenário nacional tiveram a sorte de serem eleitos em anos
agitados e de tomarem crédito pelos períodos seguintes
de relativa tranquilidade.
Então, nesta eleição, você
pode querer prestar atenção
em um obscuro governador
eleito como Scott Walker, de
Wisconsin, ou Susana Martinez, do Novo México, ambos
republicanos. Se a economia
que eclipsou as eleições está
prestes a se endireitar, você
pode ouvir esses nomes de
novo, talvez mesmo em 2016.
Tradução de FÁBIO FREITAS
Texto Anterior: Bastião liberal vota em clima de velório Próximo Texto: Polícia encontra bomba enviada à chanceler alemã Índice | Comunicar Erros
|