|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIPLOMACIA
Ambos se opõem ao Brasil quanto à reforma do Conselho de Segurança; Japão e Alemanha admitem não ter direito a veto
Argentina e Paquistão unem forças na ONU
SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES
O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, e o ditador do Paquistão, Pervez Musharraf, afirmaram, em comunicado conjunto, que "o aumento de assentos
não-permanentes é a única alternativa viável para uma reforma
bem-sucedida do Conselho de Segurança da ONU [Organização
das Nações Unidas]". A avaliação
contraria as pretensões de seus vizinhos -a Índia, no caso do Paquistão, e o Brasil, no caso da Argentina- de obter um assento
permanente no conselho.
Musharraf visitou a Argentina
na terça e na quarta passadas, na
seqüência de sua viagem ao Brasil. No comunicado conjunto do
paquistanês com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, a referência ao Conselho de Segurança
da ONU foi menos detalhada: "Os
mandatários reafirmaram seu
compromisso de trabalhar no
sentido de um acordo geral sobre
reforma abrangente das Nações
Unidas, incluindo o Conselho de
Segurança", diz o texto divulgado
pelo Itamaraty.
Em 2005, a Argentina passará a
ocupar um assento não-permanente no Conselho de Segurança
da ONU. Obedecendo à ordem alfabética, o país vizinho assumirá a
presidência rotativa do órgão durante o mês de janeiro.
Kirchner e Musharraf celebraram a "coincidência" de opiniões
sobre a reforma do Conselho de
Segurança durante o banquete
que o presidente argentino ofereceu ao paquistanês, anteontem.
"Concordamos com a necessidade de promover uma reforma
das Nações Unidas que torne
mais democrática, transparente e
eficiente a atuação de seu Conselho de Segurança", disse Kirchner. Musharraf afirmou que "o
Paquistão apóia o princípio de
não aumentar os centros de poder
e de privilégio, expandindo o número de membros do Conselho
de Segurança, porque [isso] contraria o princípio de igualdade soberana das nações, consagrado
pelas Nações Unidas".
Além do comunicado conjunto
dos presidentes, a visita de Musharraf à Argentina resultou num
memorando assinado pelos ministros das Relações Exteriores
dos dois países para "estabelecer
um mecanismo prático e efetivo
de análise conjunta de temas relativos ao desenvolvimento da relação bilateral e demais assuntos de
ordem regional e internacional".
Japão e Alemanha
Alemanha e Japão indicaram
anteontem, em reação às propostas apresentadas em relatório sobre mudanças na ONU, disposição em sacrificar o direito a veto
em troca da conquista de vagas
permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Os dois países, junto com os
parceiros aspirantes Brasil e Índia, prefeririam um status igual
ao dos atuais cinco membros permanentes do CS, que têm direito a
veto. No entanto autoridades alemãs e japonesas pareceram estar
dispostas a fazer um acordo para
garantir apoio internacional.
"Uma potência de tamanho médio, como a Alemanha, não precisa do direito a veto", disse um alto
conselheiro de política externa do
chanceler (premiê) Gerhard
Schröder. O diplomata também
afirmou acreditar que os Estados
Unidos, que ainda não deram
apoio a um assento permanente
para a Alemanha, "teriam dificuldade para não dar apoio".
Hatsuhisa Takashima, um porta-voz do Ministério das Relações
Exteriores do Japão, disse que seu
país considerava "desfavorável a
existência de membros permanentes do Conselho de Segurança
com direito a veto e outros sem".
Mas Takashima acrescentou que
o Japão se curvaria à visão da
maioria.
As concessões de Japão e Alemanha quanto ao direito a veto,
contudo, podem não ser o suficientes para contrabalançar a
oposição determinada de rivais
regionais, como Itália.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Annan recebe apoio mundial em meio a crise Próximo Texto: Brasil vê manobra para "melar" reforma Índice
|