São Paulo, domingo, 03 de dezembro de 2006

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Raúl Castro propõe diálogo com os EUA para "normalizar relações"

Fidel não comparece ao desfile que comemora guerrilha e seu 80º aniversário

DA REDAÇÃO

Raúl Castro, que substitui interinamente no governo de Cuba seu irmão Fidel, propôs ontem aos EUA que as divergências mútuas sejam resolvidas "numa mesa de negociações".
Ditador desde 1959, Fidel está gravemente enfermo, sem que se conheçam em detalhes os problemas que o afastaram do governo e da direção comunista no final de julho para a realização de uma cirurgia no intestino.
Ele não participou ontem do desfile militar em Havana que comemorava ao mesmo tempo seus 80 anos e o 50º aniversário do desembarque do grupo de guerrilheiros que conquistaria o poder naquela ilha.
Seus partidários esperavam que Fidel estivesse ontem no palanque da cerimônia, embora ele não tenha aparecido em público desde a cirurgia a que se submeteu na tentativa, segundo rumores, de extirpar um tumor cancerígeno.
O ditador fez aniversário em 13 de agosto, mas as comemorações foram postergadas, na esperança de que a melhora de seu estado permitisse sua participação.
Raúl Castro, segundo a France Presse, impôs condições para levar adiante a proposta de resolver diplomaticamente as divergências com Washington.
"Está claro que isso ocorrerá se eles [os EUA] aceitarem nossa condição de país que não tolera dúvidas quanto a sua independência, e que as negociações tenham como base os princípios de igualdade, reciprocidade, não-ingerência e respeito mútuo."
Washington e Havana não mantêm relações diplomáticas, e há 45 anos Cuba está submetida a um embargo comercial.
O governo Bush, tão logo Fidel adoeceu, disse que voltaria a dialogar caso a ditadura cubana desse os primeiros passos para a construção de uma sociedade aberta e pluralista. Não é essa, no entanto, a intenção dos dirigentes comunistas, a quem os analistas atribuem no máximo a intenção de aberturas econômica -a exemplo da China-, sem pôr fim ao regime fechado de partido único.
Raúl Castro tem mantido nos últimos quatro meses um estilo discreto. Os cubanos comuns o têm visto pouco, exceto por vislumbres de seu comboio de novas BMWs ou por uma campanha anticorrupção que levou à prisão gerentes de estatais.


Com agências internacionais


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