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País tem 42 tribos, com origens comuns
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NAIRÓBI
A população do Quênia está dividida em 42 tribos principais, mas especialistas afirmam que poderiam existir
mais de 70 grupos étnicos no
país. Muitos desses grupos
têm as mesmas origens, com
semelhanças físicas e uma
mesma raiz lingüística.
A população nativa pode
ser dividida em três grandes
grupos lingüísticos: bantu,
falado em muitas regiões ao
Sul do Equador; nilótico, falado em regiões ao longo do
Nilo (incluindo Sudão e
Uganda); e cuchita, grupo de
línguas da Somália, da Etiópia e do noroeste do Quênia.
No centro do conflito queniano estão dois de seus cinco maiores grupos étnicos,
kikuyus e luos. Os kikuyus
são o maior grupo, com pouco mais de 20% da população. A etnia se envolveu ativamente no processo de independência do país, foi demonizada e perseguida pelo
governo colonial, mas fez o
primeiro presidente do Quênia, Jomo Kenyatta.
Desde então, os kikuyos se
envolveram na vida pública
e, acusam seus detratores,
passaram a deter cargos no
governo e negócios de maneira desproporcional.
Os luos, que representam
cerca de 13% da população,
são conhecidos como artesãos e negociantes. Os outros
três grandes grupos étnicos
são luya, kalenjin e kamba.
Existem marcas físicas e
culturais específicas. Os kalenjin têm a fama de serem
altos e esguios, como os famosos maratonistas do país.
Os massai e seus parentes
samburu, ambos nômades e
criadores de gado, se distinguem pela vestimenta vermelha e pelos ornamentos
na cabeça e pescoço. Os kikuyu, originalmente agricultores, têm estatura menor e
rosto e corpo arredondados.
As diferenças físicas entre
as etnias, entretanto, são pequenas para permitir que haja uma identificação imediata. Em áreas etnicamente divididas do Quênia, como a favela de Mathare, em Nairóbi,
a forma de uma pessoa provar sua origem é mostrar, por
meio da carteira de identidade, o sobrenome e o local de
nascimento.
O local de nascimento ajuda a explicar a origem do grupo étnico. Os kikuyus e kambas originalmente ocuparam
as áreas férteis do centro do
país e os luyas sempre habitaram a bacia do lago Vitória.
Outra identificação corrente
é a primeira letra do sobrenome. Este fator é tão forte
que, no dia das eleições, a
oposição denunciou a tentativa de fraude quando cerca
de 50 mil nomes de eleitores
que começavam com A e O,
típicos dos luos, desapareceram dos registros em Langata, reduto oposicionista.
(ANA FLOR)
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