São Paulo, sexta-feira, 04 de janeiro de 2008

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País tem 42 tribos, com origens comuns

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NAIRÓBI

A população do Quênia está dividida em 42 tribos principais, mas especialistas afirmam que poderiam existir mais de 70 grupos étnicos no país. Muitos desses grupos têm as mesmas origens, com semelhanças físicas e uma mesma raiz lingüística.
A população nativa pode ser dividida em três grandes grupos lingüísticos: bantu, falado em muitas regiões ao Sul do Equador; nilótico, falado em regiões ao longo do Nilo (incluindo Sudão e Uganda); e cuchita, grupo de línguas da Somália, da Etiópia e do noroeste do Quênia.
No centro do conflito queniano estão dois de seus cinco maiores grupos étnicos, kikuyus e luos. Os kikuyus são o maior grupo, com pouco mais de 20% da população. A etnia se envolveu ativamente no processo de independência do país, foi demonizada e perseguida pelo governo colonial, mas fez o primeiro presidente do Quênia, Jomo Kenyatta.
Desde então, os kikuyos se envolveram na vida pública e, acusam seus detratores, passaram a deter cargos no governo e negócios de maneira desproporcional.
Os luos, que representam cerca de 13% da população, são conhecidos como artesãos e negociantes. Os outros três grandes grupos étnicos são luya, kalenjin e kamba.
Existem marcas físicas e culturais específicas. Os kalenjin têm a fama de serem altos e esguios, como os famosos maratonistas do país. Os massai e seus parentes samburu, ambos nômades e criadores de gado, se distinguem pela vestimenta vermelha e pelos ornamentos na cabeça e pescoço. Os kikuyu, originalmente agricultores, têm estatura menor e rosto e corpo arredondados.
As diferenças físicas entre as etnias, entretanto, são pequenas para permitir que haja uma identificação imediata. Em áreas etnicamente divididas do Quênia, como a favela de Mathare, em Nairóbi, a forma de uma pessoa provar sua origem é mostrar, por meio da carteira de identidade, o sobrenome e o local de nascimento.
O local de nascimento ajuda a explicar a origem do grupo étnico. Os kikuyus e kambas originalmente ocuparam as áreas férteis do centro do país e os luyas sempre habitaram a bacia do lago Vitória. Outra identificação corrente é a primeira letra do sobrenome. Este fator é tão forte que, no dia das eleições, a oposição denunciou a tentativa de fraude quando cerca de 50 mil nomes de eleitores que começavam com A e O, típicos dos luos, desapareceram dos registros em Langata, reduto oposicionista.
(ANA FLOR)


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