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Pequim e Taiwan negociam acelerar relação comercial
China e a "Província rebelde" atravessam o melhor momento das relações bilaterais em seis décadas
RAUL JUSTE LORES
ENVIADO ESPECIAL A TAIPÉ
O governo de Taiwan quer
assinar um acordo comercial
com a China neste primeiro semestre, apesar da crescente
oposição no país à dependência
excessiva de Pequim.
No primeiro ano e meio do
governo do presidente Ma
Ying-jeou, as relações bilaterais vivem seu melhor momento em seis décadas. Turistas
chineses foram autorizados a
visitar o país pela primeira vez
em mais de 50 anos e desde julho empresas chinesas têm permissão para investir na ilha.
Extremamente dependente
das exportações, Taiwan foi
fortemente afetada pela crise
internacional, e seu PIB caiu
mais de 3% em 2009.
O primeiro-ministro taiwanês, Wu Den-yih, disse que, para o mundo dos negócios no
país, é necessário aprovar o
acordo comercial "urgentemente" até maio ou junho. Ele
disse que não haverá plebiscito
para decidir o acordo comercial, que só precisaria de aprovação parlamentar, onde o governo tem maioria. Segundo
Wu, apenas 30% da população
se opõe ao tratado.
A imprensa taiwanesa diz
que os detalhes do acordo são
desconhecidos e que o país pode ser invadido por produtos
baratos da China.
Mas os sinais de recuperação
da economia estão fazendo
muitos taiwaneses repensarem
os laços com a China continental. Pesquisa da revista CommonWealth divulgada na semana passada diz que 61% dos
taiwaneses estão "preocupados" com a "dependência excessiva" da China; 62% dos taiwaneses se consideram apenas
taiwaneses, enquanto 8% se declaram chineses; e 22% se veem
como taiwanes e chineses.
Mas as relações entre a ilha e
o continente nunca foram tão
intensas. Há 2 milhões de taiwaneses morando na China e
as empresas taiwanesas já investiram US$ 100 bilhões no gigante asiático. O comércio bilateral deve superar os US$ 110
bilhões em 2009, com superavit para o lado taiwanês.
Mil mísseis
Três acordos foram assinados às vésperas do Natal sobre
pesca, vigilância sanitária e
controles de qualidade e não
passarão pelo Congresso.
O governo tem tomado cautela com os anúncios -o Ministério das Relações Exteriores
de Taiwan divulgou comunicado na terça-feira passada dizendo que a economia é a principal prioridade nas negociações bilaterais, não a política.
O representante taiwanês
nas negociações, P. K. Chiang,
disse que só depois da assinatura do Acordo de Cooperação
Econômica outros temas serão
tratados como os investimentos e a ameaça dos mísseis.
A China considera Taiwan
uma Província rebelde e possui
mais de mil mísseis apontados
em sua direção, que podem ser
usados caso a ilha declare independência. Na prática, Taiwan
é autônoma e goza de um regime democrático desde 1996.
Atualmente, apenas 23 países
reconhecem a ilha como país.
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