São Paulo, segunda-feira, 04 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pequim e Taiwan negociam acelerar relação comercial

China e a "Província rebelde" atravessam o melhor momento das relações bilaterais em seis décadas

RAUL JUSTE LORES
ENVIADO ESPECIAL A TAIPÉ

O governo de Taiwan quer assinar um acordo comercial com a China neste primeiro semestre, apesar da crescente oposição no país à dependência excessiva de Pequim.
No primeiro ano e meio do governo do presidente Ma Ying-jeou, as relações bilaterais vivem seu melhor momento em seis décadas. Turistas chineses foram autorizados a visitar o país pela primeira vez em mais de 50 anos e desde julho empresas chinesas têm permissão para investir na ilha.
Extremamente dependente das exportações, Taiwan foi fortemente afetada pela crise internacional, e seu PIB caiu mais de 3% em 2009.
O primeiro-ministro taiwanês, Wu Den-yih, disse que, para o mundo dos negócios no país, é necessário aprovar o acordo comercial "urgentemente" até maio ou junho. Ele disse que não haverá plebiscito para decidir o acordo comercial, que só precisaria de aprovação parlamentar, onde o governo tem maioria. Segundo Wu, apenas 30% da população se opõe ao tratado.
A imprensa taiwanesa diz que os detalhes do acordo são desconhecidos e que o país pode ser invadido por produtos baratos da China.
Mas os sinais de recuperação da economia estão fazendo muitos taiwaneses repensarem os laços com a China continental. Pesquisa da revista CommonWealth divulgada na semana passada diz que 61% dos taiwaneses estão "preocupados" com a "dependência excessiva" da China; 62% dos taiwaneses se consideram apenas taiwaneses, enquanto 8% se declaram chineses; e 22% se veem como taiwanes e chineses.
Mas as relações entre a ilha e o continente nunca foram tão intensas. Há 2 milhões de taiwaneses morando na China e as empresas taiwanesas já investiram US$ 100 bilhões no gigante asiático. O comércio bilateral deve superar os US$ 110 bilhões em 2009, com superavit para o lado taiwanês.

Mil mísseis
Três acordos foram assinados às vésperas do Natal sobre pesca, vigilância sanitária e controles de qualidade e não passarão pelo Congresso.
O governo tem tomado cautela com os anúncios -o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan divulgou comunicado na terça-feira passada dizendo que a economia é a principal prioridade nas negociações bilaterais, não a política.
O representante taiwanês nas negociações, P. K. Chiang, disse que só depois da assinatura do Acordo de Cooperação Econômica outros temas serão tratados como os investimentos e a ameaça dos mísseis.
A China considera Taiwan uma Província rebelde e possui mais de mil mísseis apontados em sua direção, que podem ser usados caso a ilha declare independência. Na prática, Taiwan é autônoma e goza de um regime democrático desde 1996. Atualmente, apenas 23 países reconhecem a ilha como país.


Texto Anterior: Teerã lança ultimato sobre plano nuclear
Próximo Texto: Crescimento do turismo ilustra choque cultural
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.