São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ex-preso diz que tinha de ouvir "Born in the USA"

DO "EL PAÍS"

Hamed Abderramán Ahmed, um espanhol que passou mais de dois anos preso em Guantánamo, se diz "assustado" após o "inferno" vivido na base americana e lembra com horror as celas minúsculas em que ele e os demais detentos permaneciam, o calor insuportável, a luz artificial que permanecia acesa noite e dia e o som permanente de "Born in the USA", de Bruce Springsteen.
"Tomávamos banho apenas duas vezes por semana e sempre saíamos com os pés e as mãos amarrados, com os olhos vendados, os ouvidos tapados e uma mordaça na boca", disse em entrevista por escrito concedida à Cadeia SER de rádio.
Segundo Abderramán, os militares americanos responsáveis pela segurança da base não respeitam os direitos humanos. "Quando me prenderam, pisaram na minha cabeça e me amarraram com cordas tão finas que tiravam sangue."
Nos mais de dois anos que esteve em Guantánamo, o contato com a família se resumiu a "cinco cartas pessoais, revisadas e abertas pelos militares".
Hmido, como é chamado, trabalhava na construção civil em Ceuta até abandonar a cidade para estudar o Alcorão. Como destino, escolheu o Afeganistão, para onde viajou com o amigo Abdulá em 2001.
"Em agosto estávamos lá, na escola. Então ocorreu o 11 de Setembro, e os líderes religiosos pediram que fugíssemos, pois viriam os americanos e a Aliança do Norte. Abdulá morreu em um bombardeio em Jalalabad, e pouco depois me prenderam", disse.
Mas ele, que nega ter relação com a rede terrorista Al Qaeda, disse não ter lutado ao lado da milícia Taleban. "Fugi antes."


Texto Anterior: Guerra sem limites: Presos de Guantánamo não terão direito a advogado
Próximo Texto: Iraque ocupado: Coalizão reforça fronteira e detém suspeitos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.