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Ex-preso diz que tinha de ouvir "Born in the USA"
DO "EL PAÍS"
Hamed Abderramán Ahmed, um espanhol que passou
mais de dois anos preso em
Guantánamo, se diz "assustado" após o "inferno" vivido na
base americana e lembra com
horror as celas minúsculas em
que ele e os demais detentos
permaneciam, o calor insuportável, a luz artificial que permanecia acesa noite e dia e o som
permanente de "Born in the
USA", de Bruce Springsteen.
"Tomávamos banho apenas
duas vezes por semana e sempre saíamos com os pés e as
mãos amarrados, com os olhos
vendados, os ouvidos tapados e
uma mordaça na boca", disse
em entrevista por escrito concedida à Cadeia SER de rádio.
Segundo Abderramán, os
militares americanos responsáveis pela segurança da base
não respeitam os direitos humanos. "Quando me prenderam, pisaram na minha cabeça
e me amarraram com cordas
tão finas que tiravam sangue."
Nos mais de dois anos que esteve em Guantánamo, o contato com a família se resumiu a
"cinco cartas pessoais, revisadas e abertas pelos militares".
Hmido, como é chamado,
trabalhava na construção civil
em Ceuta até abandonar a cidade para estudar o Alcorão. Como destino, escolheu o Afeganistão, para onde viajou com o
amigo Abdulá em 2001.
"Em agosto estávamos lá, na
escola. Então ocorreu o 11 de
Setembro, e os líderes religiosos pediram que fugíssemos,
pois viriam os americanos e a
Aliança do Norte. Abdulá morreu em um bombardeio em Jalalabad, e pouco depois me
prenderam", disse.
Mas ele, que nega ter relação
com a rede terrorista Al Qaeda,
disse não ter lutado ao lado da
milícia Taleban. "Fugi antes."
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