São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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AMÉRICA LATINA

Moderados acham possível confirmar assinaturas para obter referendo contra Chávez, mas radicais desistem

Após revés, oposição venezuelana se divide

DA REDAÇÃO

Os protestos contra o governo prosseguiram na Venezuela ontem, com os opositores divergindo sobre qual o caminho a seguir após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter decidido que o número de assinaturas recolhidas pela oposição consideradas válidas é insuficiente para a convocação do referendo para decidir se o presidente Hugo Chávez deve permanecer ou não no poder até o fim de seu mandato, em 2006.
Segundo a Constituição, o referendo poderia ser convocado apenas se a oposição recolhesse 2,4 milhões de assinaturas. Os opositores dizem ter apresentado mais de 3 milhões. Porém o CNE, de maioria chavista, reconheceu como válidas apenas 1,8 milhão. Para conseguir levar adiante o referendo, os opositores precisariam da confirmação de mais de 600 mil assinaturas até o fim do mês.
Os opositores mais moderados acham que a saída mais viável é seguir adiante com o processo de referendo, tentando confirmar as assinaturas necessárias. "Isso é possível? Sim. Mas é muito difícil. Exige organização, motivação e desejo de vencer; Acredito que podemos conseguir", escreveu o colunista opositor Jorge Olavarria, no diário "El Nacional".
Já os integrantes mais radicais da oposição declaram ter desistido de levar adiante o processo de convocação do referendo. Para eles, qualquer iniciativa nesse sentido será minada por Chávez.
A maior parte afirma que a desobediência pacífica é a única opção. "Depois do roubo de mais de 1 milhão de assinaturas, nós pedimos às pessoas que permaneçam protestando pacificamente", afirmou o líder opositor Antonio Ledezma. "Não há espaço para a negociação", acrescentou Henrique Romer, outro líder opositor.
O governo chavista recebeu o resultado do CNE como uma vitória. "O terceiro golpe, que a oposição tentava manipular por meio da convocação do referendo, praticamente fracassou", disse o vice-presidente José Vicente Rangel.
"Pretendia-se utilizar o referendo para reatualizar o formato golpista do 12 de abril [quando Chávez foi deposto por 48 horas] e dezembro de 2002 [mês no qual teve início uma greve de 63 dias que buscava derrubar o presidente]."
O secretário-assistente de Estado dos EUA Roger Noriega afirmou à comissão de relações internacionais do Senado americano que as ações "antidemocráticas" de Chávez são as responsáveis pela crise na Venezuela.
A morte de dois opositores na noite de terça em protestos da oposição contra a decisão do CNE elevou para sete o total de vítimas desde o início das manifestações, na sexta-feira passada.


Com agências internacionais


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