São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GUERRA AO TERROR

Autoridades recebem cartas com ameaças; grupo exige US$ 4 milhões e 1 milhão para não cumpri-las

Terroristas chantageiam governo francês

DA REDAÇÃO

Um grupo desconhecido vem ameaçando explodir segmentos da rede ferroviária francesa controlada pela estatal SNCF se não receber um pagamento de US$ 4 milhões, além de 1 milhão, de acordo com informação divulgada ontem pela imprensa e por autoridades francesas.
O grupo, que se autodenominou AZF, diz ter escondido dez bombas na rede ferroviária francesa e já revelou à polícia a localização de uma delas para provar sua determinação, segundo autoridades francesas.
O explosivo foi encontrado perto de Limoges, no sudoeste da França, em 21 de fevereiro, e a polícia disse que o testara e comprovara sua eficácia. AZF é o nome de uma fábrica de produtos químicos situada em Toulouse (sudoeste), na qual ocorreu uma explosão em setembro de 2001. Segundo a polícia, porém, a explosão, que matou 31 pessoas, foi acidental.
Autoridades francesas descartaram a possibilidade de o novo grupo ter ligação com extremistas islâmicos ou tchetchenos. O AZF, que diz ser um "grupo de pressão de caráter terrorista", enviou, desde meados de dezembro, seis cartas ameaçadoras ao ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, e ao presidente Jacques Chirac.
"Não sabemos nada sobre esse grupo, mas consideramos essas ameaças sérias", disse Sarkozy.
O presidente da SNCF, Louis Gallois, afirmou que cerca de 10 mil trabalhadores da empresa tinham começado a vasculhar 32 mil quilômetros da rede ferroviária em busca de bombas.
Autoridades judiciais disseram que as técnicas de fabricação de bombas apresentadas pelo grupo são sofisticadas e que desconhecem os motivos que estão por trás das ameaças.
Um funcionário do governo francês -que não quis ser identificado- afirmou que o modo como as cartas foram escritas dá a entender que o grupo é uma "irmandade bastante unida e de filosofia extremista".
O Ministério do Interior havia pedido à imprensa que não falasse sobre o assunto, pois o trabalho da polícia seria mais fácil se o segredo não fosse revelado. Mas a mídia francesa pôs fim ao suspense porque o diário "La Dépêche du Midi", de Toulouse, revelou o segredo em sua edição de ontem.
Em suas cartas, o AZF critica o governo, o sistema educacional francês e a mídia, que, segundo o grupo, é ligada demais à classe política. De acordo com jornais franceses, o grupo também fez outras ameaças, mas elas não foram reveladas pelas autoridades.


Com agências internacionais


Texto Anterior: América Latina: Após revés, oposição venezuelana se divide
Próximo Texto: Caribe: Líder rebelde haitiano diz que vai desarmar-se
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.