São Paulo, quarta-feira, 04 de março de 2009

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Ataque a seleção de críquete realça violência no Paquistão

Time do Sri Lanka é alvejado a caminho do estádio; 6 policiais e um motorista morreram

Jogadores feridos passam bem; radicais muçulmanos são principais suspeitos do atentado, que visou esporte mais popular da região

DA REDAÇÃO

Homens armados com metralhadoras e granadas atacaram o comboio da seleção do Sri Lanka de críquete, esporte mais popular do sul da Ásia, quando chegava ao principal estádio de Lahore, no Paquistão. Seis policiais foram mortos ao reagir ao ataque, que matou também um motorista. Sete jogadores, um árbitro e o técnico assistente ficaram feridos. Eles não correm risco de morte.
O Paquistão está "em um estado de guerra", afirmou o ministro do Interior, Rehman Malik, que prometeu perseguir os terroristas. Os agressores, entre 12 e 14 jovens, fugiram depois da ofensiva, frustrada após o conflito com a escolta policial. Na fuga, deixaram mochilas com munição, granadas, lança-granadas e walk-talks.
O motorista do ônibus, Mohammad Khalil, acelerou enquanto rajadas de metralhadora perfuravam o veículo, conduzindo o time para o estádio Gaddafi, onde milhares de torcedores aguardavam o início do jogo, às 9h locais. Outro ônibus, que levava juízes, também foi alvejado. "O motorista morreu diante dos nossos olhos", contou o árbitro Steve Davis.
"Investigamos a possibilidade de que os terroristas quisessem sequestrar o ônibus e levá-lo a um prédio próximo para criar drama", afirmou Malik. "O modo como vieram preparados e em grande número indica este plano."
O ataque "humilhou o país", declarou o premiê Yousuf Raza Gilani. O time do Sri Lanka era o primeiro a jogar no Paquistão em 14 meses, após cancelamentos de jogos internacionais por motivos de segurança. "O pior é que todos os temores dos times estrangeiros estavam certos", disse Javed Miandad, ex-capitão da seleção paquistanesa.
O chefe de polícia de Lahore, Haji Habibur Rehman, descreveu os agressores como rapazes na faixa dos 20 anos, barbados e de "aparência pashtun" (povo que habita a volátil área da fronteira com o Afeganistão).
A TV Geo, maior rede paquistanesa, afirma que o governo do Punjab havia sido alertado sobre a possibilidade do ataque. A cosmopolita capital estadual vinha sendo relativamente imune à onda de atentados que assola o país desde 2007.
Para o governador Salman Taseer, a ação do grupo, bem armado e militaramente treinado, remete à ofensiva de Mumbai, que aterrorizou a cidade indiana em novembro e deixou mais de 160 mortos. Investigações confirmaram o elo do grupo de origem paquistanesa Lashkar-e-Taiba com os ataques a Mumbai.
As investigações sobre o ataque de Lahore ainda estão em fase preliminar, segundo autoridades locais. A atuação dos Tigres Tâmeis, grupo que luta pela independência das regiões de minoria tâmil no Sri Lanka, é considerada improvável.
O presidente cingalês, Mahinda Rajapaksa, interrompeu viagem ao Nepal após o atentado, que provocou comoção no país. "É um dia triste para todos nós", disse Rajapaksa, em Colombo. Os atletas deixaram o estádio em helicópteros e voltaram ao Sri Lanka na noite de ontem, após receberem atendimento médico.
Com o ataque, o maior contra atletas internacionais desde a morte de 11 israelenses na Olimpíada de Munique, em 1972, ruiu a crença de que a popularidade do críquete o protegeria no subcontinente indiano, pondo em xeque o plano de realizar o campeonato mundial de 2011 no Paquistão, na Índia, no Sri Lanka e em Bangladesh.

Com agências internacionais


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