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Produção no Brasil é pequena e pouco variada
DO ENVIADO ESPECIAL A ITÁPOLIS (SP)
Apesar do tamanho de sua
agricultura, o Brasil não ocupa
uma posição de destaque entre
os cerca de 50 países que escoam parte de sua produção
por meio da Fairtrade. "Se você
vai ao México, quase todos os
agricultores já ouviram falar
em comércio justo. Se você vai
ao Brasil, ninguém conhece",
diz Rüdiger Meyer, da Fairtrade Labelling Organizations,
que está procurando novos
parceiros no país.
As cooperativas e associações
brasileiras ligadas à Fairtrade
reúnem por volta de 1.500 produtores e se limitam a poucas
mercadorias (suco de laranja,
café, polpa de manga e banana), nos Estados de Paraná,
Santa Catarina, São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e Paraíba.
Em São Paulo, apenas a Coagrosol (Cooperativa dos Agropecuaristas Solidários de Itápolis) trabalha com a Fairtrade.
Criada em 2000 na cidade localizada 359 km a noroeste da capital, a cooperativa reúne 50
pequenos produtores.
"Se não fosse pelo comércio
justo, tinha perdido toda a safra. É o que salvou a gente", diz
o produtor Vicente Costa, 67,
que, estimulado pelo filho que
o ajuda a cuidar dos 18 hectares
em que planta laranjas e mangas, foi um dos fundadores da
cooperativa.
Da produção de 150 mil caixas de laranja da Coagrosol,
dois terços se transformam em
400 toneladas de suco de laranja que são exportados pelo esquema de comércio justo. Cada
tonelada rende ao produtor
US$ 1.200 (receberiam apenas
US$ 900 se vendessem no mercado normal). Além disso, recebem US$ 100 extras por tonelada para investir no desenvolvimento social e econômico da
comunidade.
Representantes dos trabalhadores rurais, da cooperativa e
da Pastoral da Criança decidiram aplicar o "premium" em
cursos de alfabetização e informática e em uma oficina de artesanato em madeira para as
crianças. Também optaram
por tratar o aterro sanitário,
criar uma usina de compostagem e comprar equipamentos
para um programa de combate
à desnutrição infantil.
(VP)
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