São Paulo, domingo, 04 de abril de 2004

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Produção no Brasil é pequena e pouco variada

DO ENVIADO ESPECIAL A ITÁPOLIS (SP)

Apesar do tamanho de sua agricultura, o Brasil não ocupa uma posição de destaque entre os cerca de 50 países que escoam parte de sua produção por meio da Fairtrade. "Se você vai ao México, quase todos os agricultores já ouviram falar em comércio justo. Se você vai ao Brasil, ninguém conhece", diz Rüdiger Meyer, da Fairtrade Labelling Organizations, que está procurando novos parceiros no país.
As cooperativas e associações brasileiras ligadas à Fairtrade reúnem por volta de 1.500 produtores e se limitam a poucas mercadorias (suco de laranja, café, polpa de manga e banana), nos Estados de Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e Paraíba.
Em São Paulo, apenas a Coagrosol (Cooperativa dos Agropecuaristas Solidários de Itápolis) trabalha com a Fairtrade. Criada em 2000 na cidade localizada 359 km a noroeste da capital, a cooperativa reúne 50 pequenos produtores.
"Se não fosse pelo comércio justo, tinha perdido toda a safra. É o que salvou a gente", diz o produtor Vicente Costa, 67, que, estimulado pelo filho que o ajuda a cuidar dos 18 hectares em que planta laranjas e mangas, foi um dos fundadores da cooperativa.
Da produção de 150 mil caixas de laranja da Coagrosol, dois terços se transformam em 400 toneladas de suco de laranja que são exportados pelo esquema de comércio justo. Cada tonelada rende ao produtor US$ 1.200 (receberiam apenas US$ 900 se vendessem no mercado normal). Além disso, recebem US$ 100 extras por tonelada para investir no desenvolvimento social e econômico da comunidade.
Representantes dos trabalhadores rurais, da cooperativa e da Pastoral da Criança decidiram aplicar o "premium" em cursos de alfabetização e informática e em uma oficina de artesanato em madeira para as crianças. Também optaram por tratar o aterro sanitário, criar uma usina de compostagem e comprar equipamentos para um programa de combate à desnutrição infantil. (VP)


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