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HOMEM FORTE
Fracasso das democracias em resolver problemas sociais estimula a demanda por "pulso forte" na região
Instituto vê ameaças à democracia na AL
SYLVIA COLOMBO
de Londres
O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) divulgou
ontem em Londres seu informe
anual em que aponta para uma
tendência na política latino-americana de retorno do "homem forte,
tanto civil como militar" ao poder,
o que refletiria "um desejo de estabilidade política, uma liderança
diante da insegurança mundial".
A demanda por um pulso forte
teria raízes em fatores econômicos: a crise mundial, o aumento do
desemprego e da pobreza. Ou seja,
a falência da democracia em resolver problemas sociais.
Tais razões atrairiam boa parte
do eleitorado para forças políticas
personificadas nos "homens fortes". O fenômeno leva, então, a
uma democracia muito distinta,
em que os estados autoritários retornam em roupagem civil.
O relatório usa como exemplos
fatos políticos que dominaram a
cena latino-americana no ano passado e em princípios de 1999.
O retorno de militares ao poder
por vias democráticas pôde ser observado no caso do ex-militar e ex-golpista Hugo Chávez, que se elegeu presidente da Venezuela no final do ano passado.
No Paraguai, o general Lino César Oviedo chegou a se candidatar,
mas foi impedido de concorrer.
Seu "sucessor" na chapa, Raúl Cubas, venceu a eleição com a promessa de que Oviedo estaria no
poder enquanto ele governasse.
Cubas renunciou em março.
Na Bolívia, também um militar,
o general Hugo Banzer, mantém-se no governo há dois anos.
O relatório mostra que os civis
que estão no poder em outros países se utilizam de uma estratégia
também "autoritária": a reeleição.
Alberto Fujimori, no Peru, Fernando Henrique Cardoso, no Brasil, e Carlos Menem, na Argentina,
mudaram a lei para se reeleger.
O México estaria indo contra a
corrente, deixando aos poucos o
sistema de partido único. Desde
97, quando o Partido Revolucionário Institucional (PRI) perdeu o
controle da Câmara Baixa do Congresso, o pluralismo emergiu.
Quanto ao Chile, o estudo diz
que a prisão do ex-ditador Augusto Pinochet em Londres -onde
aguarda decisão da Justiça sobre
um pedido de extradição- interrompeu uma situação autoritária.
O general tencionava supervisionar o Estado a partir de sua posição de senador vitalício, criada por
ele enquanto chefe de um governo
autoritário.
Sobre os Bálcãs, o informe diz
que a região "começou o século
com a questão albanesa e o encerra
sem uma resposta".
O texto diz que o presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic, "é
parte do problema, e qualquer
acordo que se faça com ele, mas
que não assegure um sistema de
segurança, está condenado a fracassar".
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