São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO

Ahmed Saadat é acusado pela morte de ministro israelense; após ameaças de Sharon, Arafat se nega a soltá-lo

Arafat não segue ordem judicial para soltar palestino

DA REDAÇÃO

A Suprema Corte da Autoridade Nacional Palestina (ANP) ordenou ontem a libertação de Ahmed Saadat, acusado de ser o mentor do assassinato, em outubro, do ministro do Turismo israelense Rehavam Zeevi. Israel ameaçou usar todos os meios para capturá-lo se ele fosse solto. A ANP decidiu mantê-lo preso.
Saadat é líder da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP). No começo de maio, foi enviado com mais cinco procurados a uma prisão em Jericó (Cisjordânia) supervisionada por agentes americanos e britânicos. A sua transferência fez parte do acordo que levou à suspensão do cerco militar israelense ao quartel-general do presidente da ANP, Iasser Arafat, em Ramallah.
Arafat dava indícios de que soltaria Saadat. Ao final do dia, porém, nota oficial disse que seu gabinete não o libertaria: "O gabinete respeita a decisão (...) mas ela não pode ser implementada devido às ameaças israelenses."
Israel ameaçou tomar medidas para levar Saadat à Justiça caso a ANP o soltasse. O Exército cercou Jericó, fechando as vias de acesso à cidade. O premiê Ariel Sharon disse que tomaria "todas as medidas necessárias" para impedir a libertação da "pessoa que ordenou um assassinato e cuja organização continua matando".
O ministro da Defesa, Binyamin Ben-Eliezer, declarou: "Se o acordo [de manter Saadat preso" for rompido, Israel estará livre de suas obrigações e agirá de acordo com nossos melhores interesses".
Saeb Erekat, conselheiro de Arafat, disse que ele enfrentava um dilema. "[A Suprema Corte] é a mais alta instância judicial e creio que suas decisões devem ser respeitadas. Por outro lado, ele sabe que os israelenses (...) poderiam sequestrar ou assassinar Saadat se ele for libertado."

Tenet
A nova controvérsia ameaçava prejudicar a missão do diretor da CIA (agência de inteligência dos EUA), George Tenet. Ele chegou a Israel ontem e se reuniu com Sharon. Deve se reunir hoje com Arafat, em Ramallah. Discutirão, sobretudo, reformas nos serviços de segurança palestinos.
Os grupos extremistas Hamas e Jihad Islâmico rejeitaram convite de Arafat para que participassem do novo gabinete ministerial que ele está preparando. A iniciativa do presidente da ANP foi criticada pelos EUA, que disseram que a inclusão de extremistas islâmicos em seu governo é incompatível com sua disposição de combater o terrorismo.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Artigo: Mudança no FBI é uma farsa
Próximo Texto: Partido Shas volta à coalizão de Ariel Sharon
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.