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IRAQUE OCUPADO
Dúvidas crescentes sobre credibilidade de informações que levaram à guerra detonam ações parlamentares
EUA e Reino Unido investigarão relatórios sobre armas
DA REDAÇÃO
Sob crescente pressão, o premiê
britânico, Tony Blair, deve anunciar hoje a instauração de um inquérito parlamentar para investigar os relatórios de inteligência
britânicos sobre as armas de destruição em massa iraquianas.
Do outro lado do Atlântico, a
CIA (serviço secreto americano)
pretende entregar para análise do
Congresso dos EUA o material
apresentado à ONU pelo secretário de Estado, Colin Powell, como
prova de que o Iraque manteria
programas de armas proibidas.
Tanto Blair como seu colega
americano, George W. Bush, têm
enfrentado pressão dentro e fora
de seus países sobre a suposta
existência dessas armas, principal
justificativa usada pela coalizão
anglo-americana para invadir o
Iraque em 20 de março.
Passados mais de dois meses,
nenhuma prova de que o Iraque
ainda mantivesse armas de destruição em massa foi encontrada.
Nos anos 80, o país utilizou armas
químicas e biológicas contra o Irã
e contra opositores internos.
Também a comissão de assuntos externos da Câmara dos Comuns, do Parlamento britânico, anunciou ontem que vai investigar a decisão do governo Blair de
invadir o Iraque.
No Reino Unido, a pressão é
maior, especialmente depois de o
secretário da Defesa americano,
Donald Rumsfeld, ter afirmado,
na semana passada, que o Iraque
pode ter destruído suas armas antes da guerra.
O premiê britânico, questionado até por seus correligionários
trabalhistas, nega falhas de informação ou adulterações nos relatórios de inteligência britânicos.
Diz acreditar "100%" que existam
armas proibidas em solo iraquiano e que elas serão achadas.
Audiências nos EUA
Segundo a rede CNN, um membro da CIA teria dito ontem que o
serviço secreto dará acesso para
os parlamentares ao material usado por Powell. O pedido fora feito
pelo senador John Warner, correligionário de Bush e presidente da
comissão do senado para serviços
armados.
Warner anunciara, segunda-feira, a realização de audiências sobre as armas alegando que "a situação chegou a um ponto em
que a credibilidade do governo e
do Congresso está em questão".
Além do insucesso na procura
pelas armas, as forças anglo-americanas ainda não têm pistas do
paradeiro do ex-ditador Saddam
Hussein. Em busca dos restos de
Saddam, uma equipe de engenheiros militares dos EUA começou a escavar o local onde ficaria um bunker do ex-ditador em
Bagdá, atacado no dia 7 de abril.
Protestos
Ontem, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, representante especial da ONU, se reuniu com o diplomata americano Paul Bremer,
chefe da Autoridade Provisória de
Coalizão, que governa o Iraque.
"Dividimos as mesmas metas:
dar poder à população livre do
Iraque o mais rápido possível",
disse Mello após o encontro.
Na capital, milhares de pessoas,
lideradas por clérigos muçulmanos, foram às ruas protestar contra a demora na escolha do governo interino iraquiano, que a Autoridade promete para julho.
Em Balad, 90 km ao norte de
Bagdá, um soldado dos EUA foi
morto a tiros em um posto policial. Não há detalhes do incidente.
Com agências internacionais
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