UOL


São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IRAQUE OCUPADO

Dúvidas crescentes sobre credibilidade de informações que levaram à guerra detonam ações parlamentares

EUA e Reino Unido investigarão relatórios sobre armas

DA REDAÇÃO

Sob crescente pressão, o premiê britânico, Tony Blair, deve anunciar hoje a instauração de um inquérito parlamentar para investigar os relatórios de inteligência britânicos sobre as armas de destruição em massa iraquianas.
Do outro lado do Atlântico, a CIA (serviço secreto americano) pretende entregar para análise do Congresso dos EUA o material apresentado à ONU pelo secretário de Estado, Colin Powell, como prova de que o Iraque manteria programas de armas proibidas.
Tanto Blair como seu colega americano, George W. Bush, têm enfrentado pressão dentro e fora de seus países sobre a suposta existência dessas armas, principal justificativa usada pela coalizão anglo-americana para invadir o Iraque em 20 de março.
Passados mais de dois meses, nenhuma prova de que o Iraque ainda mantivesse armas de destruição em massa foi encontrada. Nos anos 80, o país utilizou armas químicas e biológicas contra o Irã e contra opositores internos.
Também a comissão de assuntos externos da Câmara dos Comuns, do Parlamento britânico, anunciou ontem que vai investigar a decisão do governo Blair de invadir o Iraque.
No Reino Unido, a pressão é maior, especialmente depois de o secretário da Defesa americano, Donald Rumsfeld, ter afirmado, na semana passada, que o Iraque pode ter destruído suas armas antes da guerra.
O premiê britânico, questionado até por seus correligionários trabalhistas, nega falhas de informação ou adulterações nos relatórios de inteligência britânicos. Diz acreditar "100%" que existam armas proibidas em solo iraquiano e que elas serão achadas.

Audiências nos EUA
Segundo a rede CNN, um membro da CIA teria dito ontem que o serviço secreto dará acesso para os parlamentares ao material usado por Powell. O pedido fora feito pelo senador John Warner, correligionário de Bush e presidente da comissão do senado para serviços armados.
Warner anunciara, segunda-feira, a realização de audiências sobre as armas alegando que "a situação chegou a um ponto em que a credibilidade do governo e do Congresso está em questão".
Além do insucesso na procura pelas armas, as forças anglo-americanas ainda não têm pistas do paradeiro do ex-ditador Saddam Hussein. Em busca dos restos de Saddam, uma equipe de engenheiros militares dos EUA começou a escavar o local onde ficaria um bunker do ex-ditador em Bagdá, atacado no dia 7 de abril.

Protestos
Ontem, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, representante especial da ONU, se reuniu com o diplomata americano Paul Bremer, chefe da Autoridade Provisória de Coalizão, que governa o Iraque.
"Dividimos as mesmas metas: dar poder à população livre do Iraque o mais rápido possível", disse Mello após o encontro.
Na capital, milhares de pessoas, lideradas por clérigos muçulmanos, foram às ruas protestar contra a demora na escolha do governo interino iraquiano, que a Autoridade promete para julho.
Em Balad, 90 km ao norte de Bagdá, um soldado dos EUA foi morto a tiros em um posto policial. Não há detalhes do incidente.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Powell adverte Arafat de que não crie obstáculos às negociações
Próximo Texto: Pesquisa: Apoio mundial aos EUA cai após guerra
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.