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"Condicionantes" quase travam negociações
Bloco chavista resistia a preâmbulo que cita, a pedido dos EUA, democracia, desenvolvimento, segurança e direitos humanos
Brasil incluiu menções a autodeterminação e não intervenção; discussões, de mais de 12 horas, não foram interrompidas por pouco
DA ENVIADA A SAN PEDRO SULA
Primeiro, foram os EUA que
temeram ficar isolados e aderiram ao grupo de trabalho de
dez países que buscou a solução
para a questão cubana na OEA.
Depois, foram os seis integrantes do bloco chavista que saíram do isolamento e aderiram
ao texto finalmente aprovado.
Foram mais de 12 horas de
reuniões, desde as 15h de terça
(18h no Brasil), antes que viesse
a conciliação. O consenso esbarrava em seis palavras citadas no preâmbulo da resolução.
Os negociadores americanos
propuseram que a exposição de
motivos do texto citasse os
princípios de democracia, desenvolvimento, segurança e direitos humanos. O Brasil, para
acomodar os bolivarianos, incluiu a autodeterminação e a
não intervenção.
Mas, até a madrugada de ontem, os países da Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas) insistiam em que os termos impunham condições que
julgavam inaceitáveis.
"Não são condicionantes, são
elementos do preâmbulo que
estão em todos os documentos
da OEA", insistia o chanceler
brasileiro, Celso Amorim.
Amorim deu entrevista perto
das 23h locais de terça, quando
ele e o secretário-geral da OEA,
José Miguel Insulza, tinham
acabado de sair de reunião com
os chanceleres de Venezuela,
Nicarágua e Honduras, sem
conseguir convencê-los ainda.
Insulza foi em seguida ao encontro dos negociadores americanos, Thomas Shannon, responsável pela América Latina
no Departamento de Estado e
futuro embaixador no Brasil, e
Dan Restrepo, que cuida da região no Conselho de Segurança
Nacional da Casa Branca.
"Acabou neste momento",
disse Restrepo à Folha. Shannon, porém, emendou: "Vamos
ver o que podemos fazer amanhã [hoje]".
As negociações começaram
depois que os chanceleres de
EUA, Venezuela, Brasil e mais
sete países formaram o grupo
de trabalho à margem da Assembleia Geral. Até então, os
americanos estavam isolados
em sua oposição a que fosse
anulada a decisão de 1962.
A secretária de Estado Hillary Clinton teve que se retirar
após duas horas, para viajar ao
Egito. Deu declarações que pareciam indicar que um consenso seria impossível.
Em seu lugar, assumiram
Shannon e Restrepo, enquanto
o chanceler Nicolás Maduro
negociava pela Venezuela. O
texto de conciliação foi feito
pelo chamado Grupo dos 11,
formado por Brasil, Argentina,
Chile e México, entre outros.
A versão finalmente aprovada ficou pronta por volta das
20h de segunda. Shannon teve
o ok da Casa Branca, mas o venezuelano Hugo Chávez e o nicaraguense Daniel Ortega resistiam. Só ontem os países da
Alba disseram sim. "É sinal de
que algumas coisas que nós falamos funcionaram", comemorou Amorim.
(CLAUDIA ANTUNES)
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