São Paulo, quinta-feira, 04 de julho de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Membros do Hamas atacam delegacia com suposto "colaborador" de Israel; restrições na Cisjordânia são atenuadas

Palestinos entram em choque em Gaza

France Presse
Militantes mascarados participam de ato pró-Arafat em Gaza


DA REDAÇÃO

Choques entre integrantes do grupo extremista Hamas e a polícia palestina deixaram 21 feridos na faixa de Gaza. Na Cisjordânia, o governo israelense anunciou que irá gradualmente levantar o toque de recolher que está sendo aplicado às cidades palestinas.
Já os dois chefes de segurança palestinos supostamente demitidos anteontem pelo presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, afirmaram que ainda não foram informados da decisão e que não irão deixar o cargo "quietos".
O chefe da segurança palestina na Cisjordânia, Jibril Rajoub, que, segundo autoridades palestinas, teria sido demitido por Arafat, afirmou ontem que ainda não recebeu nenhuma notificação oficial da decisão. Os dois se encontrariam ainda ontem.
"Creio que alguém está querendo prejudicar todos os serviços de segurança [palestinos", espalhando mentiras e histórias sem base alguma", disse Rajoub, uma das principais lideranças palestinas e tido como um dos possíveis sucessores de Arafat.
Ghazi Jibali, chefe da polícia na faixa de Gaza, que também teria sido demitido, de acordo com autoridades palestinas, repetiu ontem que "tudo não passa de rumores". Arafat não deu declarações sobre o tema.

Choques
Policiais palestinos dispararam ontem contra militantes do Hamas que atiravam pedras na delegacia do campo de refugiados de Rafah, na faixa de Gaza. Eles exigiam a execução de um suposto colaborador de Israel que estava preso no local.
De acordo com hospitais locais, ao menos 21 pessoas ficaram feridas no episódio, sendo quatro delas policiais. Analistas temem que forças do Hamas e da ANP possam entrar em conflito caso Arafat atenda às pressões dos EUA e de Israel e atue contra os extremistas islâmicos.
Na cidade de Gaza, milhares de palestinos participaram de ato pró-Arafat convocado pelo Fatah, grupo político do dirigente palestino.
O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, e seu gabinete de segurança aprovaram ontem um plano para diminuir gradualmente o número de horas que a população palestina na Cisjordânia deverá ficar sob toque de recolher.
Atualmente, cerca de 700 mil palestinos que moram na região estão vivendo nessa situação.
"Nós iremos levantar o toque de recolher durante o dia para a vida cotidiana poder ser restaurada", disse Raanan Gissin, porta-voz do governo de Israel. Os comandantes militares israelenses deverão analisar como as restrições devem ser amenizadas. Para o chanceler Shimon Peres, "Israel não pode punir toda uma população" pelos atos terroristas.
Israel reocupou as cidades palestinas em resposta a três atentados suicidas palestinos que mataram 31 israelenses, no mês passado, em Jerusalém e em um assentamento judaico. Quinze palestinos já foram mortos nas duas semanas em ações israelense.
Segundo Sharon, Israel continuará nas cidades palestinas enquanto o terror persistir, "mas a presença poderá ser reduzida", afirmou Gissin.
O plano aprovado ontem pelo governo israelense prevê que 5.000 palestinos possam entrar diariamente em Israel para trabalhar. Outros 10 mil receberão permissão para trabalhar em zonas industriais ao longo da linha que separa Israel das áreas palestinas.
Antes da eclosão da Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense), em setembro de 2000, cerca de 150 mil palestinos entravam diariamente em Israel para trabalhar. Esse número hoje é próximo de zero.
A ANP informou que o plano do governo israelense não irá acalmar a situação e que o ideal seria uma retirada total das forças israelenses que ocupam os territórios palestinos.

Com agências internacionais


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