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Caso envolveu amor do passado e ações secretas
SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Até ser capturada pelas Farc,
Ingrid Betancourt era pouco
conhecida na França. Mas seu
seqüestro ocorreu em plena
campanha presidencial francesa de 2002, e a classe política do
país se apoderou do caso, que
comoveu a população.
Apesar da mobilização dos
franceses, Betancourt é colombiana de nascimento e coração.
O laço com a França começa
com o sobrenome, herdado de
antepassados normandos, e se
prolonga na juventude vivida
em Paris com os pais diplomatas. Mas ela só obteve a cidadania francesa depois de se casar
com o também diplomata Fabrice Delloye, em 1983.
Mesmo assim, o presidente
Jacques Chirac (1995-2007)
transformou o seqüestro de Ingrid em causa nacional e incumbiu o então chanceler Dominique de Villepin de resgatá-la. A escolha não foi um acaso. É
sabido que Villepin teve um caso com Ingrid quando era seu
professor no Instituto de Estudos Políticos de Paris.
Às críticas sobre o envolvimento afetivo de Villepin somaram-se ressalvas ao fato de o
então embaixador da França
em Bogotá ter se casado com a
irmã de Ingrid, Astrid.
A história complicou-se em
2003, quando Villepin planejou uma missão secreta para
resgatar a refém a partir da
Amazônia brasileira à revelia
de Brasília e Bogotá -há relatos de que a cúpula dos governos teria sido avisada.
A operação falhou depois que
os agentes franceses acumularam erros, chamando a atenção
da Polícia Federal em Manaus e
do repórter da revista "Carta
Capital" que estava no local.
O fracasso da missão coincidiu com uma visita à Colômbia
do então ministro do Interior
da França e rival de Villepin,
Nicolas Sarkozy. Há quem sustente que Sarkozy teria sabotado a operação na Amazônia, na
esperança de ser ele o responsável por resgatar a refém.
Sarkozy tornou-se presidente no ano passado e, ao assumir
os esforços para libertar Ingrid,
manteve o mesmo agente secreto do governo Chirac para os
contatos com as Farc: o veterano Noël Saez, cuja função de vice-cônsul em Bogotá acobertou
atividades de inteligência.
Não está claro qual a participação de Paris na operação que
resgatou Betancourt, mas Sarkozy continua colhendo os dividendos da libertação.
O presidente francês vai recepcionar a franco-colombiana
hoje à tarde na base militar de
Villacoublay, um dia depois de
uma manifestação de apoio na
Prefeitura de Paris.
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