|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Nova onda de violência mata 15 iraquianos
DA REDAÇÃO
Quinze iraquianos foram mortos e uma série de explosões atingiu ontem o centro de Bagdá. Os
incidentes se seguiram ao dia
mais sangrento para os EUA no
pós-guerra, em que morreram 19
americanos, incluindo dois civis.
Segundo o comando americano, pelo menos três morteiros explodiram na região central da capital, um deles numa base dos
EUA. Não havia informações sobre mortos ou feridos.
Jornalistas hospedados no hotel
Palestine afirmaram ter ouvido, à
noite, cinco explosões vindas do
lado do rio Tigre em que fica o
quartel-general dos EUA.
Em incidentes distintos entre a
noite de domingo e a de ontem, ao
menos 15 iraquianos foram mortos -seis deles por forças americanas, que atiraram contra uma
picape em Balad (norte) julgando
que ela levava "insurgentes". O
incidente está sob investigação.
Em Fallujah (oeste), um menino
de 11 anos morreu no fogo cruzado entre soldados dos EUA e a resistência, e, em Bagdá, um membro de um conselho de bairro foi
assassinado. Em Najaf (sul), o juiz
Muhan Jabr al Shuweily, que investigava o Baath, o partido do ex-ditador Saddam Hussein, foi sequestrado e morto.
Outros seis iraquianos foram
mortos em explosões de bombas
ou morteiros: dois em Kirkuk
(norte), três em Karbala (sul) e
um em Baquba (nordeste).
Em Tikrit (norte), um soldado
dos EUA morreu quando uma
bomba explodiu na estrada e atingiu o veículo em que ele estava.
Desde o último dia 26, o Iraque
é palco de uma série ininterrupta
de ataques dos rebeldes e de atentados, incluindo cinco explosões
de carros-bomba, que mataram
39 pessoas, e a derrubada de um
helicóptero militar americano
que resultou, anteontem, na morte de pelo menos 16 soldados.
A deterioração da segurança no
país levou o comando dos EUA a
reavaliar sua estratégia e, ante a
dificuldade de obter apoio internacional na operação militar, tentar transferir responsabilidades
aos iraquianos.
Entre as hipóteses estudadas está a reconstituição de algumas
unidades do antigo Exército de
Saddam -que os EUA dissolveram logo após assumirem o controle do país. Segundo o jornal
"The New York Times", os primeiros contatos entre oficiais do
antigo Exército e o comando
americano já teriam sido feitos.
A medida, segundo os que a defendem, ajudaria a estabilizar o
país, acelerando a criação de um
novo Exército -cujos recrutas
estão sendo treinados pelos EUA.
O professor Amatzia Baram, especialista em terrorismo da Universidade de Haifa (Israel), vê a
hipótese como a mais eficaz para
atenuar os problemas de segurança no país. "Eu seria muito liberal
nesse aspecto, aceitaria todos que
estivessem dispostos a entrar para
o Exército", disse ele à Folha.
Segundo Baram, a ampliação do
contingente iraquiano serviria
tanto para tirar parte dos americanos da linha de frente, reduzindo a hostilidade entre as forças de
segurança e a população, como
para amenizar o problema do desemprego, uma das maiores agravantes das tensões sociais no país.
Colaborou Luciana Coelho, da Redação
Com agências internacionais
Texto Anterior: Iraque ocupado: EUA não vão "fugir" do Iraque, diz Bush Próximo Texto: Análise: Um desafio político para Bush Índice
|