UOL


São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nova onda de violência mata 15 iraquianos

DA REDAÇÃO

Quinze iraquianos foram mortos e uma série de explosões atingiu ontem o centro de Bagdá. Os incidentes se seguiram ao dia mais sangrento para os EUA no pós-guerra, em que morreram 19 americanos, incluindo dois civis.
Segundo o comando americano, pelo menos três morteiros explodiram na região central da capital, um deles numa base dos EUA. Não havia informações sobre mortos ou feridos.
Jornalistas hospedados no hotel Palestine afirmaram ter ouvido, à noite, cinco explosões vindas do lado do rio Tigre em que fica o quartel-general dos EUA.
Em incidentes distintos entre a noite de domingo e a de ontem, ao menos 15 iraquianos foram mortos -seis deles por forças americanas, que atiraram contra uma picape em Balad (norte) julgando que ela levava "insurgentes". O incidente está sob investigação.
Em Fallujah (oeste), um menino de 11 anos morreu no fogo cruzado entre soldados dos EUA e a resistência, e, em Bagdá, um membro de um conselho de bairro foi assassinado. Em Najaf (sul), o juiz Muhan Jabr al Shuweily, que investigava o Baath, o partido do ex-ditador Saddam Hussein, foi sequestrado e morto.
Outros seis iraquianos foram mortos em explosões de bombas ou morteiros: dois em Kirkuk (norte), três em Karbala (sul) e um em Baquba (nordeste).
Em Tikrit (norte), um soldado dos EUA morreu quando uma bomba explodiu na estrada e atingiu o veículo em que ele estava.
Desde o último dia 26, o Iraque é palco de uma série ininterrupta de ataques dos rebeldes e de atentados, incluindo cinco explosões de carros-bomba, que mataram 39 pessoas, e a derrubada de um helicóptero militar americano que resultou, anteontem, na morte de pelo menos 16 soldados.
A deterioração da segurança no país levou o comando dos EUA a reavaliar sua estratégia e, ante a dificuldade de obter apoio internacional na operação militar, tentar transferir responsabilidades aos iraquianos.
Entre as hipóteses estudadas está a reconstituição de algumas unidades do antigo Exército de Saddam -que os EUA dissolveram logo após assumirem o controle do país. Segundo o jornal "The New York Times", os primeiros contatos entre oficiais do antigo Exército e o comando americano já teriam sido feitos.
A medida, segundo os que a defendem, ajudaria a estabilizar o país, acelerando a criação de um novo Exército -cujos recrutas estão sendo treinados pelos EUA.
O professor Amatzia Baram, especialista em terrorismo da Universidade de Haifa (Israel), vê a hipótese como a mais eficaz para atenuar os problemas de segurança no país. "Eu seria muito liberal nesse aspecto, aceitaria todos que estivessem dispostos a entrar para o Exército", disse ele à Folha.
Segundo Baram, a ampliação do contingente iraquiano serviria tanto para tirar parte dos americanos da linha de frente, reduzindo a hostilidade entre as forças de segurança e a população, como para amenizar o problema do desemprego, uma das maiores agravantes das tensões sociais no país.


Colaborou Luciana Coelho, da Redação
Com agências internacionais


Texto Anterior: Iraque ocupado: EUA não vão "fugir" do Iraque, diz Bush
Próximo Texto: Análise: Um desafio político para Bush
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.