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Flórida tira a roupa de Terceiro Mundo após ser motivo de chacota
DO ENVIADO A MIAMI
O principal jornal da Flórida, o
"Miami Herald", festeja: "A Flórida reclama o orgulho perdido
quatro anos atrás".
Alusão, como é óbvio, ao fato de
que as eleições de anteontem
transcorreram sem os problemas
do pleito de 2000, que transformaram o Estado em motivo de
chacota no mundo inteiro.
"Provamos que não somos terceiro-mundo", festeja também
Alice Dobbez, estudante universitária que funcionou como voluntária na campanha de Mel Martínez, o candidato republicano ao
Senado pela Flórida.
Não é bem assim, no entanto, a
julgar pela avaliação de Roberto
Courtney, nicaragüense que trabalhou como observador internacional das eleições em Miami. Para ele, o potencial para se repetir o
que houve em 2000 estava dado.
A diferença foi o resultado: "Em
eleições que se decidem com certa
folga, ninguém vai atrás de votos
pelo correio que não chegaram,
de votos provisórios que não são
contados etc.", diz.
No ano 2000, Bush ganhou do
democrata Al Gore por apenas
537 votos, assim mesmo após
uma batalha judicial que deixou
em muitos eleitores a convicção
de que seus votos não foram contados. Desta vez, a diferença foi
pouco inferior a 400 mil votos, o
que tornaria supérflua qualquer
contestação.
É verdade que, na disputa pela
vaga de senador, o republicano
Martínez levou vantagem de apenas 1,14 ponto percentual sobre a
democrata Betty Castor, o que poderia dar margem a uma batalha
judicial.
Mas, ontem pela manhã, Castor
reconheceu a derrota e disse que
telefonara ao vitorioso para informá-lo de que não pretendia entrar "em qualquer tipo de debate
prolongado sobre quem ganhou".
Pronto: a Flórida agora podia
definitivamente tirar a roupa de
terceiro-mundo que inadvertidamente vestiu há quatro anos.
(CLÓVIS ROSSI)
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