São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2004

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Flórida tira a roupa de Terceiro Mundo após ser motivo de chacota

DO ENVIADO A MIAMI

O principal jornal da Flórida, o "Miami Herald", festeja: "A Flórida reclama o orgulho perdido quatro anos atrás".
Alusão, como é óbvio, ao fato de que as eleições de anteontem transcorreram sem os problemas do pleito de 2000, que transformaram o Estado em motivo de chacota no mundo inteiro.
"Provamos que não somos terceiro-mundo", festeja também Alice Dobbez, estudante universitária que funcionou como voluntária na campanha de Mel Martínez, o candidato republicano ao Senado pela Flórida.
Não é bem assim, no entanto, a julgar pela avaliação de Roberto Courtney, nicaragüense que trabalhou como observador internacional das eleições em Miami. Para ele, o potencial para se repetir o que houve em 2000 estava dado.
A diferença foi o resultado: "Em eleições que se decidem com certa folga, ninguém vai atrás de votos pelo correio que não chegaram, de votos provisórios que não são contados etc.", diz.
No ano 2000, Bush ganhou do democrata Al Gore por apenas 537 votos, assim mesmo após uma batalha judicial que deixou em muitos eleitores a convicção de que seus votos não foram contados. Desta vez, a diferença foi pouco inferior a 400 mil votos, o que tornaria supérflua qualquer contestação.
É verdade que, na disputa pela vaga de senador, o republicano Martínez levou vantagem de apenas 1,14 ponto percentual sobre a democrata Betty Castor, o que poderia dar margem a uma batalha judicial.
Mas, ontem pela manhã, Castor reconheceu a derrota e disse que telefonara ao vitorioso para informá-lo de que não pretendia entrar "em qualquer tipo de debate prolongado sobre quem ganhou".
Pronto: a Flórida agora podia definitivamente tirar a roupa de terceiro-mundo que inadvertidamente vestiu há quatro anos. (CLÓVIS ROSSI)


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