São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2004

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Presidente não deve promover mudanças na equipe

DE WASHINGTON

A reeleição do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, não deve trazer mudanças no núcleo de poder da Casa Branca, mas contará com substituições no primeiro escalão do governo federal. Segundo as expectativas, principalmente depois de uma vitória clara do republicano, as mudanças devem ser provocadas mais por desejos voluntários de seus assessores do que pela vontade de Bush em substituí-los.
O presidente é considerado fiel a antigos assessores e aliados. Por isso, ele não estaria pedindo a saída de quase ninguém, mas existem vários casos de "fadiga de material".
Durante seu primeiro mandato, Bush aumentou de 16 para 20 o número de vagas em nível de secretários -equivalentes a ministros no caso do Brasil.
Esses secretários, que formam a face visível de seu governo, são supervisionados, no entanto, por um "núcleo duro" absolutamente em sintonia com o presidente -núcleo que despacha de dentro da Casa Branca.
Dificilmente haverá qualquer mudança nesse poder central nesta segunda gestão presidencial.

Rove
O principal assessor de Bush, Karl Rove, por exemplo, chefe do planejamento de toda a campanha presidencial neste ano, dita regras e conselhos também nas áreas econômica e comercial.
Individualmente, Rove é a figura que mais sai fortalecida do processo eleitoral que reelegeu Bush. Foi dele a estratégia de concentrar os esforços republicanos no eleitorado religioso conservador, que acabou votando em massa no presidente anteontem.
Amiga pessoal do presidente, a assessora para Segurança Nacional, Condoleezza Rice, é outra das "supervisoras" de Bush.
Ela tem ascendência sobre o Departamento de Estado de Colin Powell, que já manifestou interesse em deixar o cargo, e também sobre o Pentágono. Ela desempenhou papel fundamental na política externa norte-americana no primeiro mandato, caracterizado pelas invasões do Afeganistão e do Iraque.
A intenção de Powell de deixar o governo já teria sido mais forte em épocas de crises agudas por causa da Guerra do Iraque.

Rumsfeld
No caso de Condoleezza Rice, ela poderá ser até eventualmente transferida para o Departamento de Defesa depois que o atual titular, Donald Rumsfeld, completar a reestruturação global das forças americanas e tentar controlar a situação no Iraque.
A expectativa, porém, é de que dificilmente Rumsfeld saia do governo agora, pois isso passaria uma mensagem de fracasso na operação americana no Iraque.
Nas áreas econômica, orçamentária e de segurança interna, que também têm titulares próprios, a supervisão é do vice-presidente Dick Cheney. Ele deve continuar comandando as áreas e, eventualmente, operar substituições importantes nos serviços de inteligência dos Estados Unidos.
Outra amiga de Bush, a texana Margaret Spellings, controla áreas como saúde e educação.

Economia
Na área econômica, há muita especulação em torno da saída do secretário do Tesouro, John Snow. Mas o mais provável é que ele fique mais tempo para acomodar a política de manutenção dos cortes de impostos prometida por Bush na campanha.
Na área de maior interesse do Brasil, a expectativa é de que o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Zoellick, deixe o cargo.
Zoellick é o responsável pela negociação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) com a diplomacia brasileira. As negociações para a criação da Alca estão emperradas devido às divergências sobre a pressão brasileira para que os EUA retirem seus subsídios para a agricultura e para alguns setores produtivos nos quais o Brasil é competitivo no exterior. O Brasil tem preferido fortalecer o Mercosul a adotar a Alca imediatamente. (FCZ)


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