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Presidente não deve promover mudanças na equipe
DE WASHINGTON
A reeleição do presidente dos
Estados Unidos, George W. Bush,
não deve trazer mudanças no núcleo de poder da Casa Branca,
mas contará com substituições no
primeiro escalão do governo federal. Segundo as expectativas,
principalmente depois de uma vitória clara do republicano, as mudanças devem ser provocadas
mais por desejos voluntários de
seus assessores do que pela vontade de Bush em substituí-los.
O presidente é considerado fiel
a antigos assessores e aliados. Por
isso, ele não estaria pedindo a saída de quase ninguém, mas existem vários casos de "fadiga de
material".
Durante seu primeiro mandato,
Bush aumentou de 16 para 20 o
número de vagas em nível de secretários -equivalentes a ministros no caso do Brasil.
Esses secretários, que formam a
face visível de seu governo, são supervisionados, no entanto, por
um "núcleo duro" absolutamente
em sintonia com o presidente
-núcleo que despacha de dentro
da Casa Branca.
Dificilmente haverá qualquer
mudança nesse poder central nesta segunda gestão presidencial.
Rove
O principal assessor de Bush,
Karl Rove, por exemplo, chefe do
planejamento de toda a campanha presidencial neste ano, dita
regras e conselhos também nas
áreas econômica e comercial.
Individualmente, Rove é a figura que mais sai fortalecida do processo eleitoral que reelegeu Bush.
Foi dele a estratégia de concentrar
os esforços republicanos no eleitorado religioso conservador, que
acabou votando em massa no
presidente anteontem.
Amiga pessoal do presidente, a
assessora para Segurança Nacional, Condoleezza Rice, é outra das
"supervisoras" de Bush.
Ela tem ascendência sobre o Departamento de Estado de Colin
Powell, que já manifestou interesse em deixar o cargo, e também
sobre o Pentágono. Ela desempenhou papel fundamental na política externa norte-americana no
primeiro mandato, caracterizado
pelas invasões do Afeganistão e
do Iraque.
A intenção de Powell de deixar o
governo já teria sido mais forte
em épocas de crises agudas por
causa da Guerra do Iraque.
Rumsfeld
No caso de Condoleezza Rice,
ela poderá ser até eventualmente
transferida para o Departamento
de Defesa depois que o atual titular, Donald Rumsfeld, completar
a reestruturação global das forças
americanas e tentar controlar a situação no Iraque.
A expectativa, porém, é de que
dificilmente Rumsfeld saia do governo agora, pois isso passaria
uma mensagem de fracasso na
operação americana no Iraque.
Nas áreas econômica, orçamentária e de segurança interna, que
também têm titulares próprios, a
supervisão é do vice-presidente
Dick Cheney. Ele deve continuar
comandando as áreas e, eventualmente, operar substituições importantes nos serviços de inteligência dos Estados Unidos.
Outra amiga de Bush, a texana
Margaret Spellings, controla áreas
como saúde e educação.
Economia
Na área econômica, há muita especulação em torno da saída do
secretário do Tesouro, John
Snow. Mas o mais provável é que
ele fique mais tempo para acomodar a política de manutenção dos
cortes de impostos prometida por
Bush na campanha.
Na área de maior interesse do
Brasil, a expectativa é de que o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Zoellick, deixe o cargo.
Zoellick é o responsável pela negociação da Alca (Área de Livre
Comércio das Américas) com a
diplomacia brasileira. As negociações para a criação da Alca estão
emperradas devido às divergências sobre a pressão brasileira para que os EUA retirem seus subsídios para a agricultura e para alguns setores produtivos nos quais
o Brasil é competitivo no exterior.
O Brasil tem preferido fortalecer o
Mercosul a adotar a Alca imediatamente.
(FCZ)
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