São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2004

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NORTE VS. SUL

Para historiador, Bush e Kerry usaram a rivalidade histórica na campanha

Votação segue divisão da guerra civil

FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO

Não há dúvidas de que guerra ao terror deu o tom da campanha americana, considerada uma das mais polarizadas da história. Mas uma comparação entre o mapa eleitoral deste ano e o da Guerra Civil Americana (1861-5) mostra que os EUA estão longe de superar o conflito entre o Norte progressista e urbano e o Sul escravista e rural.
O ostensivamente texano George W. Bush venceu nos 11 antigos Estados confederados, inclusive sua terra natal.
Já John Kerry venceu na Nova Inglaterra, sua terra natal, e em Estados como Nova York e Califórnia, alinhados à União.
"Não é coincidência que Bush freqüentemente se deixou filmar de calças jeans e chapéu de caubói e percorrendo seu rancho no Texas num Jeep. De forma semelhante, Kerry se deixou filmar em locais menos rústicos, como praticando windsurf na ilha Nantucket (Nova Inglaterra)", disse à Folha o historiador James Hogue, da Universidade da Carolina do Norte, em Charlotte.
Para o historiador Eric Foner, da Universidade Columbia, a divisão partidária é importante sobretudo no aspecto religioso: "Não daria tanta atenção a isso a não ser pelo fato de que as divisões político-econômicas e culturais na história americana costumam muitas vezes recair sobre essas linhas regionais. Obviamente, os partidos trocaram de posição desde então sobre raça, o papel do governo e outros temas. E a religião evangélica tem um papel importante nas alianças partidárias da mesma forma como ocorria no século 19".
A guerra civil matou cerca de 650 mil militares e 50 mil civis, cifra maior do que a soma de todas as mortes ocorridas nos outros conflitos dos quais os EUA participaram.


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