São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Conservadorismo marca resultado de plebiscitos

DA REDAÇÃO

Emendas às Constituições estaduais proibindo o casamento entre homossexuais foram aprovadas em todos os 11 Estados norte-americanos que realizaram plebiscitos para deliberar sobre a questão.
A proibição do casamento gay foi aprovada com grande facilidade em Arkansas, Geórgia, Kentucky, Michigan, Mississipi, Montana, Dakota do Norte, Oklahoma, Ohio, Utah e Oregon. No Mississipi, a proporção entre votos a favor e contra ficou em 6-1.
"Esse tema não divide profundamente os EUA", afirmou o ativista conservador Gary Bauer. "O país rejeitou de forma esmagadora o casamento de pessoas do mesmo sexo. Nossa esperança é que os políticos e os juízes engajados vão tomar conhecimento desses resultados e segui-los."
"Obviamente era um objetivo dos conservadores fazer disso um tema da campanha. Não atingiu a intensidade que eles esperavam, mas de qualquer modo é uma clara indicação do ânimo da população", reconheceu o prefeito de San Francisco, Gavin Newsom, que autorizou neste ano mais de 4.000 casamentos gays -mais tarde anulados por decisão da Suprema Corte da Califórnia. Newsom ainda disse que se passarão muitos anos antes que o casamento entre gays seja aceito pelos americanos.

163 plebiscitos
Além de votar para escolher o presidente, alguns governadores e senadores e todos os deputados federais, a população de 34 Estados opinou sobre 163 variadas medidas, que iam do casamento gay a imigrantes ilegais, maconha, aumento de tributos sobre tabaco, pesquisas relacionadas a células-tronco e representação no Colégio Eleitoral.
A Califórnia aprovou o investimento de US$ 3 bilhões no desenvolvimento de pesquisas sobre células-tronco embrionárias -os cientistas acreditam que a clonagem terapêutica tem potencial para no futuro curar doenças degenerativas.
A partir de agora, imigrantes no Arizona -a maior porta de entrada no país para estrangeiros sem visto de permanência- terão que provar seu status legal na hora de requisitarem alguns benefícios ao Estado. "As pessoas sentem intimamente que nós temos um problema em relação à imigração ilegal e que temos que resolvê-lo", afirmou Randy Pullen, um dos principais apoiadores da iniciativa.
No entanto é provável que a medida seja contestada na Justiça, já que há uma década a Califórnia aprovou lei semelhante que foi posteriormente declarada inconstitucional.
No Colorado, a Emenda 36 -que dividia os nove votos do Estado no Colégio Eleitoral de maneira proporcional à votação recebida pelos candidatos presidenciais- foi derrotada.
Segundo analistas políticos, a população a rejeitou por medo de que o Colorado passasse a receber menos atenção dos candidatos (ao invés de nove votos, o vitorioso passaria a ganhar apenas cinco -já que com a atual polarização do eleitorado o derrotado teria uma votação alta, que daria direito a quatro votos).

Tabaco, caça e camarão
Ainda no Colorado, e também em Oklahoma e Montana, os eleitores aprovaram um aumento na tributação do tabaco -a maior parte da nova receita será destinada à melhoria da assistência médica. Montana ainda tornou-se o décimo Estado norte-americano a legalizar o consumo de maconha com fins terapêuticos.
A Louisiana aprovou uma emenda à sua Constituição para incluir uma referência garantindo o direito da população à caça e à pesca. No Alabama, as projeções indicavam a aprovação de uma reforma constitucional para incluir na Carta uma menção à promoção do camarão (o Estado é um grande produtor do crustáceo).


Texto Anterior: Maioria republicana cresce no Congresso
Próximo Texto: Quatro governos de Estado trocam de mãos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.