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Israel celebra vitória e palestinos
pedem negociação
MICHEL GAWENDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM JERUSALÉM
O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, celebrou ontem a reeleição de George
W. Bush e tentou afastar a noção
de que o país sofrerá pressão durante o segundo mandato para
desistir de planos unilaterais e
voltar a negociar.
O principal assessor de Sharon,
Dov Weisglass, comemorou a
reeleição de Bush como uma vitória da "luta incansável contra o
terrorismo. É uma vitória ainda
maior para o povo do Oriente
Médio, onde haverá mais quatro
anos de um presidente determinado a levar ao povo desta região
renegada um raio de esperança,
liberdade...democracia".
A vitória de Bush é considerada
boa para Israel pelo governo Sharon, porque o presidente reeleito
tem afinidades ideológicas e religiosas com o país. Bush e Sharon
desenvolveram um bom relacionamento nos últimos anos, e os
dois estão convencidos de que
Iasser Arafat, internado em Paris,
é o obstáculo para a paz por não
ter desistido do terrorismo.
Arafat, segundo assessores,
exortou Bush a retomar o processo de paz no Oriente Médio.
De acordo com o comunicado,
Arafat espera que Bush esteja
"mais envolvido para resolver este conflito e que o governo dos
EUA esteja engajado nos mais altos níveis para atingir este objetivo". O premiê Ahmed Korei, disse
que a maior participação de Bush
para conseguir a paz entre israelenses e palestinos serve aos próprios interesses americanos.
"Esperamos que o governo
americano esteja mais engajado
em resolver o conflito árabe-israelense", disse. "Vamos cooperar com a administração americana para atingir este objetivo."
Apesar da comemoração do assessor de Sharon, um relatório da
Chancelaria israelense disse que a
pressão dos EUA sobre Israel pode aumentar a partir de agora.
Segundo o texto, Bush precisará
mostrar maior envolvimento em
processos de paz no Oriente Médio e vai tentar resgatar parte de
sua imagem no mundo árabe.
Para isso, cobraria concessões
de Israel, a volta do "road map"
(plano de paz), ou pelo menos a
transformação de medidas unilaterais, como o plano de retirada
de Gaza, em operações negociadas com os palestinos.
O embaixador dos EUA, Daniel
Kurtzer, disse à mídia que "pressão sobre Israel" não faz parte do
vocabulário do presidente norte-americano.
Mas ele lembrou que Ariel Sharon ainda precisa colocar em prática muitos compromissos, principalmente em relação ao desmantelamento de assentamentos
ilegais.
O chanceler de Israel, Silvan
Shalom, evitou ontem falar em
pressão dos EUA. "Israel não precisa de pressão para caminhar em
direção à paz. Temos interesses
comuns e uma amizade forte com
os Estados Unidos, inclusive religiosa, não importa o governo",
disse o ministro a uma rede de TV
israelense.
Shalom negou que Israel estivesse torcendo por Bush, mas
lembrou que o presidente reeleito
demonstrou "profunda amizade
e apoio a Israel" e que os dois países estão unidos na guerra contra
o terrorismo.
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